26 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo sétimo dia.

Após 4 dias de intensos combates, a guarnição militar aliada de Calais ficava sem munições e rendia-se à 1ª Divisão Panzer (uma das 3 divisões panzer sob o comando do General Heinz Guderian).

Mais de 3.500 soldados britânicos e franceses foram capturados, mas a sua brava resistência serviu para manter a 1ª Divisão Panzer afastada de Dunquerque, o que foi crucial para o grande esforço de evacuação de tropas que começaria hoje.

Lord Gort, comandante da BEF (British Expeditionary Force), recebia ordens para recuar para Dunquerque e preparar os seus soldados para a retirada.

Em Londres, às 19h00, Winston Churchill autorizava o início da Operação Dínamo, uma mega operação de evacuação destinada a retirar do norte da França os soldados britânicos que ainda resistiam ao cerco alemão. Também previa a evacuação de algumas forças francesas e belgas.

Até esta data cerca de 28 mil soldados já tinham sido evacuados pelo porto de Dunquerque, mas ainda havia pelo menos 400 mil soldados que ainda aguardavam pela sua chance de retornar à casa.

Tratava-se de uma operação descomunal e que incluiu não só navios militares mas também centenas de embarcações civis, tais como barcos pesqueiros, iates, navios de cruzeiro, lanchas desportivas, etc.

Quando a notícia da evacuação se espalhou, muitos civis ingleses simplesmente fizeram-se ao mar com as suas embarcações em direção à Dunquerque. O seu sentido cívico de dever falou mais alto e isto foi decisivo para o sucesso da operação.

Neste dia, após 2 dias de pausa, Adolf Hitler finalmente ordenava a retomada do avanço das suas divisões Panzers, mas o atraso permitiu aos aliados a construção de múltiplas linhas defensivas ao longo de Dunquerque.

Lord Gort, comandante da BEF (British Expeditionary Force) no norte da França.
Lord Gort, comandante da BEF (British Expeditionary Force) no norte da França.
Soldados ingleses sendo evacuados a partir do porto de Dunquerque durante a Operação Dínamo.
Soldados ingleses sendo evacuados a partir do porto de Dunquerque durante a Operação Dínamo.
Mapa mostrando detalhes das movimentações das tropas alemãs entre os dias 21 de Maio e 4 de Junho na região de Dunquerque.
Mapa mostrando detalhes das movimentações das tropas alemãs entre os dias 21 de Maio e 4 de Junho na região de Dunquerque.
Mapa mostrando as 3 rotas de evacuação da Operação Dínamo.
Mapa mostrando as 3 rotas de evacuação da Operação Dínamo.

25 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo sexto dia.

Logo pela manhã, 15 generais franceses eram sumariamente demitidos por negligência.

Calais continuava cercada e resistia bravamente aos ataques das divisões panzer alemãs, mas já decorria uma operação de evacuação por mar que só foi possível graças à um grande esforço da RAF (Royal Air Force), que conseguiu manter a superioridade aérea sobre a região durante 2 dias.

Apesar de muito frustrado, o General Heinz Guderian continuava seguindo a ordem de Hitler publicada no dia anterior que dizia que os ataques ao porto de Dunquerque deveriam parar imediatamente (evento destacado ontem aqui na página).

Os seus blindados estavam a menos de 15 km do porto e, de acordo com as suas memórias escritas após a guerra, “bastava um pequeno empurrão para as defesas de Dunquerque ruírem”.

Como vimos ontem nos comentários, trata-se de uma das ordens mais polêmicas de Hitler. É certo que os seus blindados estavam quase sem combustível e munição, que as suas tripulações lutavam sem parar há 15 dias e que Hermann Goering prometera a Hitler que a sua Luftwaffe seria capaz de atacar e destruir os exércitos concentrados à volta do porto mas, mesmo assim, a controvérsia é grande.

Seria uma forma de Hitler “agradar” os britânicos, abrindo assim uma porta para uma futura paz de compromisso?

Sabemos que o objetivo principal de Hitler sempre foi invadir a União Soviética e que o ataque às potências aliadas ocidentais foi apenas uma manobra para libertar o seu flanco leste, mas seria Hitler tão “ingênuo” ao ponto de pensar que este “gesto de boa vontade” poderia influenciar Churchill e o seu governo?

Em Dunquerque, a mega operação de evacuação conhecida como Operação Dínamo estava prestes a começar.

Soldado francês em autêntico desespero durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldado francês em autêntico desespero durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Ruínas da cidade de Calais, Maio de 1940.
Ruínas da cidade de Calais, Maio de 1940.
Ruínas da cidade de Calais, Maio de 1940.
Ruínas da cidade de Calais, Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão na região de Dunquerque. Os movimentos das tropas podem ser vistos pelas setas vermelhas no interior da bolsa aliada.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão na região de Dunquerque.
Os movimentos das tropas podem ser vistos pelas setas vermelhas no interior da bolsa aliada.

24 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo quinto dia.

A 10ª Divisão Panzer, uma das 3 sob o comando do General Heinz Guderian (1ª, 2ª e 10ª), iniciava o ataque ao porto francês de Calais que, justamente no dia anterior, tinha sido reforçado com o 3º Real Regimento Blindado e com a 30ª Brigada Motorizada britânica.

A cidade de Bolougne era capturada neste dia, juntamente com a sua guarnição de 5.000 soldados.

No norte, a 1ª Divisão Panzer chegava a apenas 15 km do porto de Dunquerque e recebia com desagrado uma das ordens mais controversas de Hitler durante a Batalha da França: parar e aguardar!

De acordo com Guderian, neste dia o porto de Dunquerque estava livre e ao alcance da sua 1ª Divisão Panzer, mas a ordem de Hitler de interromper o avanço permitiu aos aliados estabelecerem um formidável círculo defensivo à volta da cidade, o que permitiria a evacuação de centenas de milhares de soldados aliados nos dias seguintes.

Porquê parar?

De acordo com os historiadores, a ordem de Hitler foi motivada por 2 razões principais:

1. As suas divisões panzer estavam “esticadas” demais e haviam grandes espaços por trás das suas linhas que poderiam ser facilmente exploradas pelo inimigo. Havia também falta de combustível e munição suficiente para iniciar um ataque em larga escala à uma cidade fortificada como Dunquerque;

2. Hermann Göring prometera à Hitler que a sua Luftwaffe daria conta do recado, possibilitando assim um descanso merecido para as divisões panzers que vinham lutando de forma ininterrupta desde o início da campanha, há 15 dias.

Mas podem haver outros motivos menos claros como, por exemplo, uma tentativa de Hitler “agradar” os britânicos com o objetivo de abrir caminho a negociações de paz no futuro.

Na sua opinião, o que esteve realmente por trás dessa ordem de Hitler?

Cidade de Calais após o ataque alemão em Maio de 1940.
Cidade de Calais após o ataque alemão em Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão no ataque à bolsa aliada no norte de França.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão no ataque à bolsa aliada no norte de França.

23 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo quarto dia.

Para piorar ainda mais a situação dos aliados, o General Gaston Billotte, comandante do 1º Grupo de Exércitos cercado pelas forças alemãs no norte da França, morria neste dia vítima de um acidente rodoviário, deixando as suas divisões sem liderança durante 3 dias inteiros.

Maxime Weygand, Comandante-em-Chefe das forças aliadas, tencionava iniciar uma ofensiva em larga escala e concentrada na região sul do cerco. O seu objetivo era quebrar o cerco em direção ao sul e às restantes forças francesas que não tinham sido cercadas.

Mas os seus planos de ataque não foram bem recebidos pelos seus generais e restantes líderes militares, em especial o Rei Leopoldo III da Bélgica, que insistia no estabelecimento de um “Réduit de Flandres”, uma espécie de bolsa permanente de resistência no norte da França e no sul da Bélgica. Mas com os portos de Bolougne e Calais sendo atacados pelas divisões panzer de Heinz Guderian, esse seu plano acabou por ser abandonado.

Lord Gort, comandante do BEF (British Expeditionary Force), apesar do seu sucesso em reter a 7ª Divisão Panzer de Rommel em Arras, ordenou neste dia o recuo das suas forças.

Neste dia a 2ª Divisão Panzer, pertencente ao grupo de divisões panzer do General Guderian, iniciava o ataque ao porto de Bolougne.

Soldados alemães escoltando prisioneiros franceses para a retaguarda.
Soldados alemães escoltando prisioneiros franceses para a retaguarda.
Mapa mostrando o avanço das forças alemãs após o cerco dos aliados no norte da França.
Mapa mostrando o avanço das forças alemãs após o cerco dos aliados no norte da França.
Blindado francês Char B1 destruído durante a Batalha da França.
Blindado francês Char B1 destruído durante a Batalha da França.

22 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo terceiro dia.

Às primeiras horas da manhã Maxime Weygand, Comandante-em-Chefe das forças aliadas, ordenava um ataque em pinça envolvendo as forças cercadas no norte e as forças no sul. O objetivo era cercar as divisões panzer que serviam de “ponta de lança” no golpe de foice que cercou os seus exércitos no norte.

Tratava-se de um ataque com boas chances de ser bem sucedido. Weygand tinha as forças necessárias para o fazer e os alemães ainda não tinham reforçado as suas posições no lado sul da bolsa.

No entanto, sucessivos atrasos deram tempo suficiente para que mais divisões alemãs de infantaria chegassem à região, ocupando os espaços deixados pelas divisões panzer e reforçando as defesas da região.

O momento tinha sido perdido e o ataque foi cancelado antes mesmo de começar.

Neste dia o Alto Comando Alemão ordenava às 3 divisões de Heinz Guderian que continuassem o seu avanço em direção ao norte seguindo o Canal da Mancha. A sua 1ª Divisão Panzer atacaria Calais, a sua 2ª Divisão Panzer atacaria Boulogne e a sua 10ª Divisão Panzer atacaria Dunquerque. Mais tarde a ordem de ataque seria invertida e a 1ª atacaria Dunquerque e a 10ª atacaria Calais.

Mapa mostrando a direção tomada por cada uma das 10 divisões panzers que participaram na Batalha da França.
Mapa mostrando a direção tomada por cada uma das 10 divisões panzers que participaram na Batalha da França.
Mapa mostrando a direção do ataque alemão contra as tropas aliadas cercadas no norte da França.
Mapa mostrando a direção do ataque alemão contra as tropas aliadas cercadas no norte da França.
Soldados britânicos recuando para Dunquerque.
Soldados britânicos recuando para Dunquerque.
Coluna de refugiados franceses fugindo do avanço alemão em Maio de 1940.
Coluna de refugiados franceses fugindo do avanço alemão em Maio de 1940.
Franceses protegendo-se diante de um ataque da Luftwaffe.
Franceses protegendo-se diante de um ataque da Luftwaffe.

21 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo segundo dia.

O “golpe de foice” alemão tinha funcionado na perfeição e em 11 dias todo o exército aliado estava cercado e sendo lentamente esmagado contra o Canal da Mancha.

Neste dia Weygand, recém nomeado Comandante-em-Chefe das forças aliadas, entrava na “bolsa” e se encontrava com o General Billotte (comandante do 1º Grupo de Exércitos) e com o Rei Leopoldo III, da Bélgica, que deixou claro que as forças belgas estavam prestes a colapsar e que neste momento eram úteis apenas para operações meramente defensivas.

Em Arras o General Erwin Rommel, incapaz de entrar na cidade e seguindo à risca o conceito de Blitzkrieg, simplesmente contornava as posições aliadas e seguia em frente em direção ao Canal da Mancha.

Mais tarde, nesta mesma região de Arras, duas pequenas ofensivas, uma britânica e outra francesa, eram esmagadas graças à superioridade aérea da Luftwaffe e às divisões de infantaria motorizada que seguiam logo atrás da 7ª Divisão Panzer de Rommel. Nesta batalha os alemães utilizaram os seus fantásticos canhões de 88 mm, destruíndo grande parte dos 74 blindados britânicos que participaram na ofensiva.

Neste dia, desconfiando de que os aliados poderiam tentar uma operação de evacuação, bombardeiros alemães começavam a atacar os portos franceses no Canal da Mancha.

Mapa mostrando o avanço alemão até o dia 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão até o dia 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes dos ataques alemães contra a bolsa aliada a partir do dia 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes dos ataques alemães contra a bolsa aliada a partir do dia 21 de Maio de 1940.

20 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo primeiro dia.

Durante a manhã, uma unidade de reconhecimento da 2ª Divisão Panzer (uma das 3 divisões panzer sob o comando do General Heinz Guderian) alcançava Noyelles-sur-Mer, ao mesmo tempo que a 7º Divisão Panzer do General Erwin Rommel ficava retida no ataque à cidade de Arras.

E assim os alemães chegavam ao Canal da Mancha e fechavam o cerco às tropas aliadas combatendo no norte!

Em 11 dias Heinz Guderian e Erwin Rommel faziam aquilo que os alemães não conseguiram fazer em 4 anos durante a guerra anterior.

Graças à uma excelente coordenação de esforços entre a Wehrmacht e a Luftwaffe, os alemães conseguiram manter abertas as longas e relativamente frágeis linhas de comunicação e suprimentos das suas unidades Panzer.

Um exame mais aprofundado dos documentos da época indicam que as forças terrestres tinham que esperar entre 45-75 minutos pela chegada dos bombardeiros de mergulho Ju 87 Stukas e apenas 10 minutos pelos Henschel Hs 123.

Tal nível de integração e coordenação simplesmente não existia entre os aliados, o que explica em parte o sucesso da campanha alemã na França.

No dia 19 de Maio Maurice Gamelin tinha ordenado que no dia seguinte as tropas presas na Bélgica e no norte da França lutassem para escapar ao cerco, concentrando os combates em zonas mais frágeis no sul, mas nesse mesmo dia o Primeiro Ministro francês Paul Reynaud demitia Gamelin e o substituía por Maxime Weygand (evento destacado ontem aqui na página) que imediatamente cancelou a ordem.

Esta decisão provou ser fatal para as tropas aliadas presas no norte. Com as linhas alemãs tão esticadas no sul, um ataque concentrado de tropas francesas e inglesas provavelmente teria sucesso em quebrar o cerco e estabelecer uma ligação com as restantes forças francesas no sul.

Mais uma decisão errada na longa sucessão de erros que culminaria com a derrota humilhante dos aliados na França.

Coluna alemã de infantaria motorizada avançando pela França em Maio de 1940.
Coluna alemã de infantaria motorizada avançando pela França em Maio de 1940.
Soldados alemães cruzando o Rio Meuse em 14 de Maio de 1940.
Soldados alemães cruzando o Rio Meuse em 14 de Maio de 1940.
Divisão Panzer avançando pelo interior da França em Maio de 1940.
Divisão Panzer avançando pelo interior da França em Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão na Bélgica e no norte da França, bem como a situação desesperada das forças aliadas cercadas.
Mapa mostrando o avanço alemão na Bélgica e no norte da França, bem como a situação desesperada das forças aliadas cercadas.
Maxime Weygand, que assumiu o posto de Comandante-em-Chefe das forças aliadas na França, substituíndo Maurice Gamelin.
Maxime Weygand, que assumiu o posto de Comandante-em-Chefe das forças aliadas na França, substituíndo Maurice Gamelin.

19 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo dia.

Após terem sido reabastecidas, as 3 divisões panzer de Heinz Guderian (1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer) receberam autorização para continuar o seu avanço em direção ao Canal de Mancha e nesta mesma manhã lançavam um ataque relâmpago contra as fracas 18ª e 23ª Divisões britânicas de Infantaria, no Rio Somme.

Este ataque permitiu aos alemães conquistarem Amiens e, mais importante ainda, uma valiosa ponte sobre o rio na cidade de Abbeville.

Com o sucesso deste ataque Guderian conseguia finalmente isolar as forças britânicas, francesas e belgas que lutavam no norte.

Os aliados estavam cercados!

Neste dia o Coronel Charles de Gaulle tentava um novo ataque contra o flanco sul das divisões de Guderian, no entanto, assim como aconteceu na sua primeira tentativa no dia 17, a Luftwaffe fez valer a sua superioridade aérea, destruíndo mais de 80 dos seus 155 veículos de combate.

Nesta tarde, o Primeiro Ministro francês Paul Reynaud destituía Gamelin do seu posto de comando e colocava em seu lugar Maxime Weygand que, ao contrário do que se poderia esperar, não tinha o menor senso de urgência, chegando mesmo a afirmar que o seu “primeiro ato como comandante-em-chefe aliado seria ter uma boa noite de sono”.

Refugiados franceses fugindo do avanço alemão em Maio de 1940.
Refugiados franceses fugindo do avanço alemão em Maio de 1940.
Prisioneiros de guerra franceses marchando para a retaguarda alemã.
Prisioneiros de guerra franceses marchando para a retaguarda alemã.
Mapa mostrando a situação do avanço alemão entre 16 de Maio e 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando a situação do avanço alemão entre 16 de Maio e 21 de Maio de 1940.

18 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu nono dia.

Na seção norte da Frente, forças alemãs conquistavam Antuérpia, na Bélgica, e o governo alemão re-incorporava territórios que a Alemanha tinha cedido à Bélgica pelo Tratado de Versalhes (acordo firmado após o fim da Primeira Guerra Mundial).

Neste dia a 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel e a 1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer de Heinz Guderian faziam uma pausa para reabastecer e aguardar pela chegada da infantaria.

Nos últimos 5 dias Rommel tinha avançado mais de 170 km pelo interior da França e feito mais de 10.000 prisioneiros franceses à custa de apenas 36 blindados, mas o contra-ataque do Coronel Charles de Gaulle no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página) alertou os líderes militares alemães para a necessidade de reforçar o flanco sul das suas divisões panzers.

Neste dia a cidade de Amiens, à menos de 100 km do Canal da Mancha, caía nas mãos de Guderian.

O “golpe de foice” alemão estava prestes a ser desferido contra as tropas aliadas.

Soldados franceses que se renderam durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados franceses que se renderam durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados aliados cruzando-se com refugiados franceses durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados aliados cruzando-se com refugiados franceses durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Coluna de Panzers II durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Coluna de Panzers II durante a Batalha da França, Maio de 1940.

17 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu oitavo dia.

Neste dia a pequena aldeia de Stonne, na Frente do Meuse (região de Sedan), era definitivamente conquistada pelos alemães depois de ter mudado de mãos 17 vezes nos últimos 2 dias.

Essa aldeia, localizada numa elevação natural do terreno, era de vital importância para toda a região de Sedan pois quem a controlasse teria acesso a um ponto privilegiado para a artilharia e para a observação do campo de batalha.

Mas neste dia a 10ª Divisão Panzer, uma das 3 divisões Panzer sob comando de Heinz Guderian, com o auxílio do Regimento de Infantaria Großdeutschland, conseguia finalmente conquistá-la às 17h45.

Enquanto isso, as suas outras 2 divisões Panzer, a 1ª e a 2ª, avançavam rapidamente para o Canal da Mancha quando neste dia, logo pela manhã, foram surpreendidos por um contra-ataque francês comandado pelo Coronel Charles de Gaulle (4º DCR) ao quartel-general de Guderian localizado em Montcornet.

de Gaulle, comandando uma força de 200 blindados, cruzou à grande velocidade as linhas alemãs, levando o combate para trás das linhas e lançando o caos entre as tropas.

Mas o seu ataque sofreu um duro revés quando a Luftwaffe, valendo-se da sua incontestável superioridade aérea, atacou as suas colunas blindadas. No fim deste dia de Gaulle tinha perdido 32 dos seus 200 blindados e era forçado a recuar.

Neste dia Erwin Rommel, comandante da 7ª Divisão Panzer, enviava um relatório no qual afirmava ter feito mais de 10.000 prisioneiros à custa de apenas 36 blindados.

Neste dia Hitler estava especialmente preocupado com o rápido avanço das suas formações blindadas, e o contra-ataque de de Gaulle, apesar de ter sido destruído, serviu para mostrar o quão vulnerável era o flanco sul das suas divisões panzer.

Enquanto isso mais ao Norte, na Bélgica, os ingleses da Força Expedicionária Britânica, temendo serem cercados, recuavam para o Rio Scheldt, o que permitiu aos alemães capturarem facilmente a capital belga.

As divisões panzer de Guderian (1ª, 2ª e 10º Divisões Panzers) e a 7ª Divisão Panzer de Rommel estavam no meio do caminho em direção ao Canal da Mancha e de cercar definitivamente os aliados que combatiam na Bélgica.

Blindado francês Char B1 capturado pelos alemães durante a Batalha da França.
Blindado francês Char B1 capturado pelos alemães durante a Batalha da França.
Prisioneiros de guerra franceses e ingleses durante a Batalha da França.
Prisioneiros de guerra franceses e ingleses durante a Batalha da França.
Mapa mostrando a posição das forças alemãs entre os dias 16 e 21 de Maio de 1940. Reparem, no sul, a seta indicando o contra-ataque de Charles de Gaulle.
Mapa mostrando a posição das forças alemãs entre os dias 16 e 21 de Maio de 1940.
Reparem, no sul, a seta indicando o contra-ataque de Charles de Gaulle.

16 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu sétimo dia.

Na Bélgica, os ataques do Grupo de Exércitos B do Marechal Fedor von Bock aproximavam-se rapidamente da sua capital, levando a que os belgas evacuassem Bruxelas e fugissem para a cidade de Ostend.

Um pouco mais ao sul, formações blindadas do Grupo de Exércitos A do Marechal Gerd von Rundstedt quebravam as linhas francesas em diversos pontos, capturando milhares de soldados franceses que rendiam-se em massa face ao imparável avanço alemão.

As 3 Divisões Panzer de Heinz Guderian chegavam à cidade francesa de Montcornet e a 7ª Divisão Panzer de Rommel, a famosa “Divisão Fantasma”, chegava a Avesnes-sur-Helpe.

O Alto Comando Alemão, assustado com o rápido avanço das suas divisões blindadas, emitia ordens urgentes para que parassem e aguardassem pela chegada da infantaria. Temiam que os seus flancos, perigosamente expostos, pudessem ser atacados pelos franceses.

As ordens eram geralmente ignoradas e o avanço prosseguia à toda velocidade.

Neste dia o Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, encontrava-se com o Primeiro Ministro francês, Paul Reynaud. Na conversa que se seguiu Churchill perguntou quantas forças de reserva a França ainda dispunha, ao que o seu homólogo francês respondeu:

“Aucune” (“Nenhuma”).

O plano alemão de atrair as forças aliadas para o interior da Bélgica, através do uso do seu Grupo de Exércitos B, e desferir um golpe de foice pelo sul através do avanço rápido das formações blindadas do Grupo de Exércitos A, estava correndo exatamente como o planejado.

Coluna blindada alemã durante a Batalha da França, Maio de 1940. À frente vemos um blindado checo 38(t).
Coluna blindada alemã durante a Batalha da França, Maio de 1940. À frente vemos um blindado checo 38(t).
Soldado alemão ferido durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldado alemão ferido durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão até ao dia 16 de Maio de 1940. Reparem como o "golpe de foice" começa a formar-se no sul.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão até ao dia 16 de Maio de 1940.
Reparem como o “golpe de foice” começa a formar-se no sul.

15 de Maio de 1940

Neste dia o Comando de Bombardeiros da RAF, motivado pelo bombardeio alemão no dia anterior à cidade holandesa de Rotterdam (evento destacado ontem aqui na página), que destruiu o seu centro histórico e matou cerca de 1.000 civis, alterava a sua política de raids aéreos e passava a incluir também cidades alemãs na sua lista de alvos.
Cidade de Rotterdam destruída após o bombardeio da Luftwaffe do dia 14 de maio de 1940.
Cidade de Rotterdam destruída após o bombardeio da Luftwaffe do dia 14 de maio de 1940.

15 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu sexto dia.

Após a destruição da cidade de Rotterdam no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página) e com uma nova ameaça a pairar sobre Utrecht, a Holanda assinava hoje às 10h15 da manhã os termos da rendição incondicional aos alemães.

Em Gembloux, na região central da Bélgica, terminava neste dia a Batalha de Gembloux. Uma grande força blindada alemã, sob o comando do General Erich Hoepner, tinha por objetivo atacar o centro da principal linha defensiva aliada.

No total o General Hoepner contava com 2 divisões panzer, a 3ª e a 4ª. A 3ª Divisão Panzer era formada por cerca de 340 blindados, a sua maioria tanques leves, sendo que apenas 42 eram tanques médios, 16 eram Panzers III e 26 eram Panzers IV. Na 4ª Divisão Panzer havia cerca de 330 blindados, mas apenas 20 eram Panzers III e apenas 24 eram Panzers IV. A grande vantagem do General Hoepner era o apoio da Luftwaffe, sob a forma de 170 bombardeiros médios e mais de 500 caças.

O resultado foi um empate, com os alemães perdendo cerca de 250 blindados, ou o equivalente a quase uma divisão panzer inteira.

Neste dia a infantaria motorizada do General Guderian dispersava os reforços do recém formado 6º Exército Francês à oeste de Sedan, cortando o flanco sul do 9º Exército, o que levou toda esta formação a colapsar e a render-se em massa.

Neste dia as linhas de comunicação da 7ª Divisão Panzer, sob o comando do General Erwin Rommel, eram cortadas devido ao seu avanço excessivamente rápido. O alto comando alemão não sabia do seu paradeiro, o que levou a que a sua divisão panzer fosse apelidada de “a Divisão Fantasma”.

Ignorando as ordens de parar, Rommel continuou avançando em direção às linhas francesas, cruzando-as num único ponto em Avesnes-sur-Helpe e lançando-as no caos absoluto.

Neste dia o Primeiro Ministro francês, Paul Reynaud, consciente de que as forças aliadas tinham caído na armadilha alemã, telefonava ao Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, e lhe dizia:

“Nós fomos derrotados. Estamos batidos! Perdemos a batalha.”

Nas palavras de Winston Churchill, ele estava completamente desconsolado.

Cavalaria alemã em missão de patrulha durante a Batalha da França.
Cavalaria alemã em missão de patrulha durante a Batalha da França.
Soldados alemães inspecionando tanques aliados destruídos durante a Batalha da França.
Soldados alemães inspecionando tanques aliados destruídos durante a Batalha da França.
Paul Reynaud, ao centro, desconsolado no dia 15 de Maio ao constatar que as forças aliadas tinham caído na armadilha alemã.
Paul Reynaud, ao centro, desconsolado no dia 15 de Maio ao constatar que as forças aliadas tinham caído na armadilha alemã.
Soldado holandês com uma bandeira branca aproximando-se das linhas alemãs para discutir os termos da rendição.
Soldado holandês com uma bandeira branca aproximando-se das linhas alemãs para discutir os termos da rendição.
General Erich Hoepner que liderou as forças alemãs na Batalha de Gembloux.
General Erich Hoepner que liderou as forças alemãs na Batalha de Gembloux.

E a personalidade do dia é…

Com a Batalha da França decorrendo, gostaria de inaugurar esta nova seção falando dos generais que combateram e que fizeram a diferença nesta etapa da guerra.

Heinz Guderian, um dos pais do conceito da Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), principal arquiteto das formações compactas de Panzers e dos ataques rápidos da infantaria com apoio direto da força aérea.

Erwin Rommel, apesar de ser mais conhecido como “A Raposa do Deserto” graças ao seu papel no Afrikakorps, Rommel e a sua 7ª Divisão Panzer, também conhecida como a “Divisão Fantasma”, semearam o pavor entre as filas aliadas durante a Batalha da França.

Charles de Gaulle, apesar de ser apenas um coronel durante a Batalha da França, era um grande estudioso e estrategista militar, tendo desenvolvido muitos trabalhos nos anos 30 a respeito da utilização dos blindados no campo de batalha. Praticamente a única voz “vanguardista” dentre os líderes militares franceses.

Escolha o líder que quer ver retratado na nossa primeira “E a personalidade do dia é…”.