23 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo quarto dia.

Para piorar ainda mais a situação dos aliados, o General Gaston Billotte, comandante do 1º Grupo de Exércitos cercado pelas forças alemãs no norte da França, morria neste dia vítima de um acidente rodoviário, deixando as suas divisões sem liderança durante 3 dias inteiros.

Maxime Weygand, Comandante-em-Chefe das forças aliadas, tencionava iniciar uma ofensiva em larga escala e concentrada na região sul do cerco. O seu objetivo era quebrar o cerco em direção ao sul e às restantes forças francesas que não tinham sido cercadas.

Mas os seus planos de ataque não foram bem recebidos pelos seus generais e restantes líderes militares, em especial o Rei Leopoldo III da Bélgica, que insistia no estabelecimento de um “Réduit de Flandres”, uma espécie de bolsa permanente de resistência no norte da França e no sul da Bélgica. Mas com os portos de Bolougne e Calais sendo atacados pelas divisões panzer de Heinz Guderian, esse seu plano acabou por ser abandonado.

Lord Gort, comandante do BEF (British Expeditionary Force), apesar do seu sucesso em reter a 7ª Divisão Panzer de Rommel em Arras, ordenou neste dia o recuo das suas forças.

Neste dia a 2ª Divisão Panzer, pertencente ao grupo de divisões panzer do General Guderian, iniciava o ataque ao porto de Bolougne.

Soldados alemães escoltando prisioneiros franceses para a retaguarda.
Soldados alemães escoltando prisioneiros franceses para a retaguarda.
Mapa mostrando o avanço das forças alemãs após o cerco dos aliados no norte da França.
Mapa mostrando o avanço das forças alemãs após o cerco dos aliados no norte da França.
Blindado francês Char B1 destruído durante a Batalha da França.
Blindado francês Char B1 destruído durante a Batalha da França.

21 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo segundo dia.

O “golpe de foice” alemão tinha funcionado na perfeição e em 11 dias todo o exército aliado estava cercado e sendo lentamente esmagado contra o Canal da Mancha.

Neste dia Weygand, recém nomeado Comandante-em-Chefe das forças aliadas, entrava na “bolsa” e se encontrava com o General Billotte (comandante do 1º Grupo de Exércitos) e com o Rei Leopoldo III, da Bélgica, que deixou claro que as forças belgas estavam prestes a colapsar e que neste momento eram úteis apenas para operações meramente defensivas.

Em Arras o General Erwin Rommel, incapaz de entrar na cidade e seguindo à risca o conceito de Blitzkrieg, simplesmente contornava as posições aliadas e seguia em frente em direção ao Canal da Mancha.

Mais tarde, nesta mesma região de Arras, duas pequenas ofensivas, uma britânica e outra francesa, eram esmagadas graças à superioridade aérea da Luftwaffe e às divisões de infantaria motorizada que seguiam logo atrás da 7ª Divisão Panzer de Rommel. Nesta batalha os alemães utilizaram os seus fantásticos canhões de 88 mm, destruíndo grande parte dos 74 blindados britânicos que participaram na ofensiva.

Neste dia, desconfiando de que os aliados poderiam tentar uma operação de evacuação, bombardeiros alemães começavam a atacar os portos franceses no Canal da Mancha.

Mapa mostrando o avanço alemão até o dia 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão até o dia 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes dos ataques alemães contra a bolsa aliada a partir do dia 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes dos ataques alemães contra a bolsa aliada a partir do dia 21 de Maio de 1940.

20 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo primeiro dia.

Durante a manhã, uma unidade de reconhecimento da 2ª Divisão Panzer (uma das 3 divisões panzer sob o comando do General Heinz Guderian) alcançava Noyelles-sur-Mer, ao mesmo tempo que a 7º Divisão Panzer do General Erwin Rommel ficava retida no ataque à cidade de Arras.

E assim os alemães chegavam ao Canal da Mancha e fechavam o cerco às tropas aliadas combatendo no norte!

Em 11 dias Heinz Guderian e Erwin Rommel faziam aquilo que os alemães não conseguiram fazer em 4 anos durante a guerra anterior.

Graças à uma excelente coordenação de esforços entre a Wehrmacht e a Luftwaffe, os alemães conseguiram manter abertas as longas e relativamente frágeis linhas de comunicação e suprimentos das suas unidades Panzer.

Um exame mais aprofundado dos documentos da época indicam que as forças terrestres tinham que esperar entre 45-75 minutos pela chegada dos bombardeiros de mergulho Ju 87 Stukas e apenas 10 minutos pelos Henschel Hs 123.

Tal nível de integração e coordenação simplesmente não existia entre os aliados, o que explica em parte o sucesso da campanha alemã na França.

No dia 19 de Maio Maurice Gamelin tinha ordenado que no dia seguinte as tropas presas na Bélgica e no norte da França lutassem para escapar ao cerco, concentrando os combates em zonas mais frágeis no sul, mas nesse mesmo dia o Primeiro Ministro francês Paul Reynaud demitia Gamelin e o substituía por Maxime Weygand (evento destacado ontem aqui na página) que imediatamente cancelou a ordem.

Esta decisão provou ser fatal para as tropas aliadas presas no norte. Com as linhas alemãs tão esticadas no sul, um ataque concentrado de tropas francesas e inglesas provavelmente teria sucesso em quebrar o cerco e estabelecer uma ligação com as restantes forças francesas no sul.

Mais uma decisão errada na longa sucessão de erros que culminaria com a derrota humilhante dos aliados na França.

Coluna alemã de infantaria motorizada avançando pela França em Maio de 1940.
Coluna alemã de infantaria motorizada avançando pela França em Maio de 1940.
Soldados alemães cruzando o Rio Meuse em 14 de Maio de 1940.
Soldados alemães cruzando o Rio Meuse em 14 de Maio de 1940.
Divisão Panzer avançando pelo interior da França em Maio de 1940.
Divisão Panzer avançando pelo interior da França em Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão na Bélgica e no norte da França, bem como a situação desesperada das forças aliadas cercadas.
Mapa mostrando o avanço alemão na Bélgica e no norte da França, bem como a situação desesperada das forças aliadas cercadas.
Maxime Weygand, que assumiu o posto de Comandante-em-Chefe das forças aliadas na França, substituíndo Maurice Gamelin.
Maxime Weygand, que assumiu o posto de Comandante-em-Chefe das forças aliadas na França, substituíndo Maurice Gamelin.

18 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu nono dia.

Na seção norte da Frente, forças alemãs conquistavam Antuérpia, na Bélgica, e o governo alemão re-incorporava territórios que a Alemanha tinha cedido à Bélgica pelo Tratado de Versalhes (acordo firmado após o fim da Primeira Guerra Mundial).

Neste dia a 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel e a 1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer de Heinz Guderian faziam uma pausa para reabastecer e aguardar pela chegada da infantaria.

Nos últimos 5 dias Rommel tinha avançado mais de 170 km pelo interior da França e feito mais de 10.000 prisioneiros franceses à custa de apenas 36 blindados, mas o contra-ataque do Coronel Charles de Gaulle no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página) alertou os líderes militares alemães para a necessidade de reforçar o flanco sul das suas divisões panzers.

Neste dia a cidade de Amiens, à menos de 100 km do Canal da Mancha, caía nas mãos de Guderian.

O “golpe de foice” alemão estava prestes a ser desferido contra as tropas aliadas.

Soldados franceses que se renderam durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados franceses que se renderam durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados aliados cruzando-se com refugiados franceses durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados aliados cruzando-se com refugiados franceses durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Coluna de Panzers II durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Coluna de Panzers II durante a Batalha da França, Maio de 1940.

17 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu oitavo dia.

Neste dia a pequena aldeia de Stonne, na Frente do Meuse (região de Sedan), era definitivamente conquistada pelos alemães depois de ter mudado de mãos 17 vezes nos últimos 2 dias.

Essa aldeia, localizada numa elevação natural do terreno, era de vital importância para toda a região de Sedan pois quem a controlasse teria acesso a um ponto privilegiado para a artilharia e para a observação do campo de batalha.

Mas neste dia a 10ª Divisão Panzer, uma das 3 divisões Panzer sob comando de Heinz Guderian, com o auxílio do Regimento de Infantaria Großdeutschland, conseguia finalmente conquistá-la às 17h45.

Enquanto isso, as suas outras 2 divisões Panzer, a 1ª e a 2ª, avançavam rapidamente para o Canal da Mancha quando neste dia, logo pela manhã, foram surpreendidos por um contra-ataque francês comandado pelo Coronel Charles de Gaulle (4º DCR) ao quartel-general de Guderian localizado em Montcornet.

de Gaulle, comandando uma força de 200 blindados, cruzou à grande velocidade as linhas alemãs, levando o combate para trás das linhas e lançando o caos entre as tropas.

Mas o seu ataque sofreu um duro revés quando a Luftwaffe, valendo-se da sua incontestável superioridade aérea, atacou as suas colunas blindadas. No fim deste dia de Gaulle tinha perdido 32 dos seus 200 blindados e era forçado a recuar.

Neste dia Erwin Rommel, comandante da 7ª Divisão Panzer, enviava um relatório no qual afirmava ter feito mais de 10.000 prisioneiros à custa de apenas 36 blindados.

Neste dia Hitler estava especialmente preocupado com o rápido avanço das suas formações blindadas, e o contra-ataque de de Gaulle, apesar de ter sido destruído, serviu para mostrar o quão vulnerável era o flanco sul das suas divisões panzer.

Enquanto isso mais ao Norte, na Bélgica, os ingleses da Força Expedicionária Britânica, temendo serem cercados, recuavam para o Rio Scheldt, o que permitiu aos alemães capturarem facilmente a capital belga.

As divisões panzer de Guderian (1ª, 2ª e 10º Divisões Panzers) e a 7ª Divisão Panzer de Rommel estavam no meio do caminho em direção ao Canal da Mancha e de cercar definitivamente os aliados que combatiam na Bélgica.

Blindado francês Char B1 capturado pelos alemães durante a Batalha da França.
Blindado francês Char B1 capturado pelos alemães durante a Batalha da França.
Prisioneiros de guerra franceses e ingleses durante a Batalha da França.
Prisioneiros de guerra franceses e ingleses durante a Batalha da França.
Mapa mostrando a posição das forças alemãs entre os dias 16 e 21 de Maio de 1940. Reparem, no sul, a seta indicando o contra-ataque de Charles de Gaulle.
Mapa mostrando a posição das forças alemãs entre os dias 16 e 21 de Maio de 1940.
Reparem, no sul, a seta indicando o contra-ataque de Charles de Gaulle.

16 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu sétimo dia.

Na Bélgica, os ataques do Grupo de Exércitos B do Marechal Fedor von Bock aproximavam-se rapidamente da sua capital, levando a que os belgas evacuassem Bruxelas e fugissem para a cidade de Ostend.

Um pouco mais ao sul, formações blindadas do Grupo de Exércitos A do Marechal Gerd von Rundstedt quebravam as linhas francesas em diversos pontos, capturando milhares de soldados franceses que rendiam-se em massa face ao imparável avanço alemão.

As 3 Divisões Panzer de Heinz Guderian chegavam à cidade francesa de Montcornet e a 7ª Divisão Panzer de Rommel, a famosa “Divisão Fantasma”, chegava a Avesnes-sur-Helpe.

O Alto Comando Alemão, assustado com o rápido avanço das suas divisões blindadas, emitia ordens urgentes para que parassem e aguardassem pela chegada da infantaria. Temiam que os seus flancos, perigosamente expostos, pudessem ser atacados pelos franceses.

As ordens eram geralmente ignoradas e o avanço prosseguia à toda velocidade.

Neste dia o Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, encontrava-se com o Primeiro Ministro francês, Paul Reynaud. Na conversa que se seguiu Churchill perguntou quantas forças de reserva a França ainda dispunha, ao que o seu homólogo francês respondeu:

“Aucune” (“Nenhuma”).

O plano alemão de atrair as forças aliadas para o interior da Bélgica, através do uso do seu Grupo de Exércitos B, e desferir um golpe de foice pelo sul através do avanço rápido das formações blindadas do Grupo de Exércitos A, estava correndo exatamente como o planejado.

Coluna blindada alemã durante a Batalha da França, Maio de 1940. À frente vemos um blindado checo 38(t).
Coluna blindada alemã durante a Batalha da França, Maio de 1940. À frente vemos um blindado checo 38(t).
Soldado alemão ferido durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldado alemão ferido durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão até ao dia 16 de Maio de 1940. Reparem como o "golpe de foice" começa a formar-se no sul.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão até ao dia 16 de Maio de 1940.
Reparem como o “golpe de foice” começa a formar-se no sul.

E a personalidade do dia é…

O Marechal de Campo alemão Erwin Johannes Eugen Rommel (15 November 1891 – 14 October 1944).

O texto é longo, mas está repleto de histórias muito interessantes. Vale mesmo a pena o esforço!

Dedicou toda a sua vida à arte da guerra, tendo desempenhado com bravura e louvor o seu dever como soldado nas duas guerras mundiais.

Na Primeira Guerra Mundial combateu na França, na Romênia e na Itália, no início pelo 6º Württemberg Regimento de Infantaria mas logo depois pelo Alpenkorps, uma tropa de elite especializada em combates em zonas montanhosas, onde mostrou todo o seu valor como soldado e estratega.

Ficou famoso pela sua capacidade em liderar pequenas formações de soldados por trás das linhas inimigas e, com movimentos rápidos e contundentes, desferir golpes certeiros para desmoralizar e capturar o inimigo com o menor número possível de baixas.

Numa ocasião, liderando um pequeno grupo de 3 soldados e 2 oficiais, capturou 1.500 soldados e 43 oficiais inimigos!

Noutra ocasião, na Batalha de Caporetto, nos Alpes Italianos, liderando uma pequena força de 100 homens conquistou a região fortificada de Matajur, aprisionando os mais de 7.000 soldados que a defendiam!

Pelos seus feitos na Primeira Guerra Mundial receberia em 1918 a Pour le Mérite, nesta época a maior condecoração militar da Alemanha.

No início da Segunda Guerra Mundial Rommel atuou como uma espécie de segurança de Hitler, organizando e liderando o Führerbegleithauptquartier, o que em português seria algo como a “escolta do quartel-general do Führer”.

Com a Polónia derrotada Hitler deu à Rommel a opção de escolher que papel gostaria de desempenhar na Batalha da França, ao que ele prontamente respondeu:

“Dê-me uma Divisão Panzer!”

No dia 6 de Fevereiro de 1940 foi-lhe dado o comando da 7ª Divisão Panzer.

Rommel era conhecido e famoso pela sua habilidade em coordenar soldados de infantaria, pelo que a sua nomeação para comandante de uma divisão panzer levantou algumas dúvidas entre as lideranças militares, dúvidas essas que prontamente foram esquecidas logo no início da invasão alemã da França.

À frente da sua 7ª Divisão Panzer Rommel avançou pelas linhas aliadas com uma força e determinação sem igual. Conseguiu aplicar com as formações panzers os mesmos princípios de combate que aplicou com tanto sucesso na infantaria durante a Primeira Guerra Mundial.

Como a sua divisão deslocava-se rápido demais no campo de batalha, algumas vezes o alto comando alemão não sabia dizer exatamente onde ele se encontrava, motivo pelo qual a sua 7ª Divisão Panzer foi apelidada de “Divisão Fantasma”.

Frequentemente desobedecia as ordens de comando para parar o avanço e aguardar pela chegada da infantaria. Como costumava dizer aos seus soldados na Primeira Guerra Mundial:

“Quanto mais atrás das linhas inimigas combatermos, menores serão as baixas para ambos os lados!”

Emergiu da Batalha da França como um líder militar exemplar, venerado pelos seus soldados e respeitado por todos.

No dia 6 de Fevereiro de 1941 recebia o comando da recém formada Afrikakorps, uma força de blindados criada com o objetivo de resolver o impasse criado pelos italianos na África do Norte.

Quando Rommel chegou à África tinha ordens expressas para aguardar pela chegada da restante força de soldados e blindados, no entanto, ao ver que as posições britânicas na região estavam mal defendidas, aproveitou-se da situação e, contradizendo as ordens, avançou com as forças que tinha naquele momento, desferindo um golpe esmagador e empurrando as forças aliadas até a fronteira do Egito. Ganhou notoriedade por movimentar as suas forças blindadas com grande velocidade pelas areias do deserto africano, motivo pelo qual foi apelidado de a “Raposa do Deserto”. Ganhou o respeito tanto dos seus soldados como dos comandantes militares aliados.

A campanha do Afrikakorps na África do Norte foi repleta de altos e baixos mas no final, graças à esmagadora superioridade material dos aliados, ao fim de mais de 2 anos de intensos combates Rommel era empurrado de volta à Tunísia.

No dia 9 de Março de 1943 Rommel foi a Berlim para tentar convencer Hitler da gravidade da situação das suas forças na Tunísia. Hitler não gostou do tom e do teor da conversa e demitiou-o do comando do Afrikakorps. Rommel nunca mais voltaria a ver os seus soldados. No dia 13 de Maio de 1943 o Afrikakorps rendia-se aos aliados (evento destacado aqui na página no dia 13 de Maio).

O seu próximo comando foi como comandante da Muralha do Atlântico, um impressionante conjunto de fortificações que ia da França até a Noruega, construída com o objetivo de evitar tentativas aliadas de desembarcar na Europa Continental.

Assim que assumiu o comando Rommel identificou uma série de falhas e deficiências, ordenando de imediato o início de obras urgentes pois acreditava que a invasão aliada ocorreria em breve. Acreditava que a invasão deveria ser combatida nas praias, antes que uma cabeça de ponte pudesse ser estabelecida no continente.

No dia 5 de Junho de 1944, um dia antes do Dia D (desembarque aliado na Normandia), Rommel foi à Alemanha visitar a sua família e encontrar-se com Hitler. O objetivo da sua reunião com Hitler era solicitar a deslocação da 12ª Divisão SS Panzer para a região de St. Lo-Carantan, uma região muito próxima de onde o desembarque aliado de fato aconteceu.

No dia 17 de Julho de 1944, enquanto seguia numa pequena coluna no interior da Normandia, o seu carro foi atingido por um Spitfire, resultando em graves ferimentos na cabeça.

3 dias depois, no dia 20 de Julho de 1944, na Toca do Lobo na Prússia Oriental, uma bomba deixada por Claus von Stauffenberg explodia debaixo da mesa onde Hitler analisava os mapas da frente leste.

Rommel, que anteriormente tinha sido informado da intenção de golpe de estado mas que sempre opôs-se à ideia de assassinar Hitler (preferia prendê-lo e entregá-lo aos aliados ocidentais), foi imediatamente associado ao movimento, no entanto, por ser um general tão carismático e um verdadeiro herói nacional, Hitler deu-lhe a opção de suicidar-se com uma cápsula de veneno, com a garantia de que manteria o seu posto e todas as suas conderações e que a sua família não seria perseguida.

E foi assim que, em 14 de Outubro de 1944, dentro de um carro à poucos metros da sua casa, Rommel suicidava-se.

Para além das suas capacidades como comandante e estrategista militar, era também famoso pela forma humana como tratava os seus prisioneiros de guerra, fato confirmado pelos prisioneiros aliados que após serem resgatados afirmaram que eram muito bem tratados e respeitados.

A sua Afrikakorps e a sua 7ª Divisão Panzer nunca tiveram uma única queixa de crimes de guerra ou maus tratos a civis ou prisioneiros.

Rommel era um soldado. Um grande soldado que cumpriu sempre o seu dever e, quando confrontado com a situação angustiante a que o governo de Hitler tinha levado o mundo e o próprio povo alemão, aceitou participar numa conspiração para tirá-lo do poder, algo pelo qual pagaria com a própria vida.

Erwin Rommel.
Erwin Rommel.
Erwin Rommel orientando a sua 7ª Divisão Panzer na Batalha da França, Maio de 1940.
Erwin Rommel orientando a sua 7ª Divisão Panzer na Batalha da França, Maio de 1940.
Erwin Rommel ao comando do Afrikakorps.
Erwin Rommel ao comando do Afrikakorps.
Erwin Rommel ao comando do Afrikakorps.
Erwin Rommel ao comando do Afrikakorps.
Caricatura de Erwin Rommel, aqui representado como uma raposa do deserto.
Caricatura de Erwin Rommel, aqui representado como uma raposa do deserto.
Erwin Rommel.
Erwin Rommel.

15 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu sexto dia.

Após a destruição da cidade de Rotterdam no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página) e com uma nova ameaça a pairar sobre Utrecht, a Holanda assinava hoje às 10h15 da manhã os termos da rendição incondicional aos alemães.

Em Gembloux, na região central da Bélgica, terminava neste dia a Batalha de Gembloux. Uma grande força blindada alemã, sob o comando do General Erich Hoepner, tinha por objetivo atacar o centro da principal linha defensiva aliada.

No total o General Hoepner contava com 2 divisões panzer, a 3ª e a 4ª. A 3ª Divisão Panzer era formada por cerca de 340 blindados, a sua maioria tanques leves, sendo que apenas 42 eram tanques médios, 16 eram Panzers III e 26 eram Panzers IV. Na 4ª Divisão Panzer havia cerca de 330 blindados, mas apenas 20 eram Panzers III e apenas 24 eram Panzers IV. A grande vantagem do General Hoepner era o apoio da Luftwaffe, sob a forma de 170 bombardeiros médios e mais de 500 caças.

O resultado foi um empate, com os alemães perdendo cerca de 250 blindados, ou o equivalente a quase uma divisão panzer inteira.

Neste dia a infantaria motorizada do General Guderian dispersava os reforços do recém formado 6º Exército Francês à oeste de Sedan, cortando o flanco sul do 9º Exército, o que levou toda esta formação a colapsar e a render-se em massa.

Neste dia as linhas de comunicação da 7ª Divisão Panzer, sob o comando do General Erwin Rommel, eram cortadas devido ao seu avanço excessivamente rápido. O alto comando alemão não sabia do seu paradeiro, o que levou a que a sua divisão panzer fosse apelidada de “a Divisão Fantasma”.

Ignorando as ordens de parar, Rommel continuou avançando em direção às linhas francesas, cruzando-as num único ponto em Avesnes-sur-Helpe e lançando-as no caos absoluto.

Neste dia o Primeiro Ministro francês, Paul Reynaud, consciente de que as forças aliadas tinham caído na armadilha alemã, telefonava ao Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, e lhe dizia:

“Nós fomos derrotados. Estamos batidos! Perdemos a batalha.”

Nas palavras de Winston Churchill, ele estava completamente desconsolado.

Cavalaria alemã em missão de patrulha durante a Batalha da França.
Cavalaria alemã em missão de patrulha durante a Batalha da França.
Soldados alemães inspecionando tanques aliados destruídos durante a Batalha da França.
Soldados alemães inspecionando tanques aliados destruídos durante a Batalha da França.
Paul Reynaud, ao centro, desconsolado no dia 15 de Maio ao constatar que as forças aliadas tinham caído na armadilha alemã.
Paul Reynaud, ao centro, desconsolado no dia 15 de Maio ao constatar que as forças aliadas tinham caído na armadilha alemã.
Soldado holandês com uma bandeira branca aproximando-se das linhas alemãs para discutir os termos da rendição.
Soldado holandês com uma bandeira branca aproximando-se das linhas alemãs para discutir os termos da rendição.
General Erich Hoepner que liderou as forças alemãs na Batalha de Gembloux.
General Erich Hoepner que liderou as forças alemãs na Batalha de Gembloux.

E a personalidade do dia é…

Com a Batalha da França decorrendo, gostaria de inaugurar esta nova seção falando dos generais que combateram e que fizeram a diferença nesta etapa da guerra.

Heinz Guderian, um dos pais do conceito da Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), principal arquiteto das formações compactas de Panzers e dos ataques rápidos da infantaria com apoio direto da força aérea.

Erwin Rommel, apesar de ser mais conhecido como “A Raposa do Deserto” graças ao seu papel no Afrikakorps, Rommel e a sua 7ª Divisão Panzer, também conhecida como a “Divisão Fantasma”, semearam o pavor entre as filas aliadas durante a Batalha da França.

Charles de Gaulle, apesar de ser apenas um coronel durante a Batalha da França, era um grande estudioso e estrategista militar, tendo desenvolvido muitos trabalhos nos anos 30 a respeito da utilização dos blindados no campo de batalha. Praticamente a única voz “vanguardista” dentre os líderes militares franceses.

Escolha o líder que quer ver retratado na nossa primeira “E a personalidade do dia é…”.

14 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu quinto dia.

Na Holanda o General Rudolf Schmidt, comandante do 9º Corpo Panzer, ameaçou bombardear a cidade de Rotterdam caso a mesma não se rendesse. A guarnição militar da cidade, após avaliar a ameaça, decidiu render-se e a ordem de bombardeio aéreo foi cancelada pela Luftwaffe, no entanto, alguns bombardeiros não a receberam e a cidade foi atingida por 95 toneladas de bombas, matando mais de 1.000 civis.

Neste mesmo dia, quando uma ameaça semelhante foi feita à cidade de Utrecht, o governo holandês, incapaz de deter os bombardeiros inimigos e temendo uma repetição da catástrofe de Rotterdam, decidiu capitular.

Desta forma caía neste dia o primeiro aliado de peso na Batalha da França.

Na Bélgica, na cidade de Dinant, no flanco norte da ofensiva contra a região de Sedan, o General Erwin Rommel liderava pessoalmente uma força de 30 blindados contra posições francesas e belgas que, diante do brutal ataque, foram obrigadas a recuar mais de 5 km.

Na frente do Rio Meuse, na região de Sedan, as 3 Divisões Panzer do General Heinz Guderian (1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer) conseguiam finalmente cruzar o rio e iniciavam o seu rápido avanço em direção ao Canal da Mancha.

Do alto comando alemão vinham ordens expressas para ele diminuir o ritmo do avanço, mas ele as ignorava ou alegava que se tratavam de meras ações de reconhecimento. Foi mais ou menos a partir desta data que ele passou a ser conhecido pelos seus soldados como “Der schnelle Heinz” (O Rápido Heinz).

Quando confrontado com ordens para parar ou diminuir o ritmo, o “Rápido Heinz” costumava ameaçar com demitir-se.

As defesas de Sedan tinham sido destruídas e toda a Frente do Meuse ameaçava colapsar. Agora era apenas uma questão de tempo até o caminho para o Canal da Mancha estar livre e desimpedido.

A Blitzkrieg alemã, ou Guerra Relâmpago, sob a forma de rápidos e contundentes ataques de formações de blindados e uma íntima conjugação de forças terrestres e aéreas, provava a sua superioridade frente às técnicas convencionais de guerra dos aliados ocidentais.

Mapa mostrando o avanço alemão entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
General Heinz Guderian no seu centro de comando móvel, próximo à frente de combate durante a Batalha da França.
General Heinz Guderian no seu centro de comando móvel, próximo à frente de combate durante a Batalha da França.
Erwin Rommel orientando as suas tropas durante a Batalha da França.
Erwin Rommel orientando as suas tropas durante a Batalha da França.
O centro completamente destruído da cidade de Rotterdam após o bombadeio aéreo do dia 14 de Maio de 1940.
O centro completamente destruído da cidade de Rotterdam após o bombadeio aéreo do dia 14 de Maio de 1940.

13 de Maio de 1943

Neste dia as últimas forças do Eixo combatendo na Tunísia rendiam-se. Era o fim do Deutsches Afrikakorps.

Após 2 anos e 3 meses de duros combates na África do Norte, período de muitas vitórias e derrotas, o outrora poderoso e destemido Afrikakorps, cercado por forças norte-americanas e britânicas, sucumbia à esmagadora superioridade numérica e material dos aliados e rendia-se.

A perda da África do Norte foi um duro golpe para o Eixo, que via assim comprometida a sua posição no Mediterrâneo.

A maior parte dos prisioneiros de guerra alemães e italianos foram levados para campos de prisioneiros nos EUA e durante a guerra mantiveram uma constante troca de correspondência com o General Rommel.

Emblema do Deutsches Afrikakorps.
Emblema do Deutsches Afrikakorps.

11 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu segundo dia.

Os últimos defensores da fortaleza belga de Eben-Emael, que tinha sido tomada de assalto no dia anterior por paraquedistas alemães (evento destacado ontem aqui na página), rendiam-se nesta manhã. Era considerada inexpugnável pelas autoridades militares aliadas.

O Luxemburgo, um pequeno país encravado entre a França, a Alemanha e a Bélgica, era completamente tomado por forças alemãs, levando o governo e a família real a refugiarem-se na França.

As 3 divisões blindadas de Heinz Guderian, comandante da XIX Armeekorps, aproximava-se das Ardenas e preparava-se para lançar-se pelo interior da França em direção a Sedan.

Foi Guderian que insistiu na alteração do plano original alemão de ataque, conseguindo convencer Adolf Hitler de que a melhor manobra seria um avanço rápido de formações móveis e blindadas pelas Ardenas (a sul da principal concentração de tropas aliadas e ao norte da Linha Maginot), seguido por um movimento de foice em direção ao Canal da Mancha com o objetivo de cercar e prender as forças aliadas combatendo na Bélgica.

E a 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel, que mais tarde viria a ser conhecida como a “Divisão Fantasma” devido à velocidade com a qual se deslocava (o que levava a que muitas vezes o alto comando alemão a “perdesse de vista”), pertencente ao XV Army Corps do General Hermann Hoth, mantinha-se no flanco norte da principal força de ataque que entraria na França a partir das Ardenas.

Ao contrário do que muita gente acredita, a “poderosa” 7ª Divisão Panzer de Rommel era composta na sua maioria por tanques leves e ligeiros. Em Maio de 1940 a sua força era composta por:

34 Panzers I
68 Panzers II
91 38t
24 Panzers IV

Um total de 217 blindados e mais algumas armas anti-tanque e artilharia anti-aérea.

Mapa mostrando a situação da frente de batalha entre os dias 10 e 16 de Maio.
Mapa mostrando a situação da frente de batalha entre os dias 10 e 16 de Maio.
Erwin Rommel e o seu staff acompanhando de perto as operações de ataque durante a Batalha da França.
Erwin Rommel e o seu staff acompanhando de perto as operações de ataque durante a Batalha da França.
Heinz Guderian durante a Batalha da França no posto móvel de comando da XIX Armeekorps. Reparem em primeiro plano na Máquina Enigma, equipamento de encriptação de mensagens militares.
Heinz Guderian durante a Batalha da França no posto móvel de comando da XIX Armeekorps. Reparem em primeiro plano na Máquina Enigma, equipamento de encriptação de mensagens militares.