14 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu quinto dia.

Na Holanda o General Rudolf Schmidt, comandante do 9º Corpo Panzer, ameaçou bombardear a cidade de Rotterdam caso a mesma não se rendesse. A guarnição militar da cidade, após avaliar a ameaça, decidiu render-se e a ordem de bombardeio aéreo foi cancelada pela Luftwaffe, no entanto, alguns bombardeiros não a receberam e a cidade foi atingida por 95 toneladas de bombas, matando mais de 1.000 civis.

Neste mesmo dia, quando uma ameaça semelhante foi feita à cidade de Utrecht, o governo holandês, incapaz de deter os bombardeiros inimigos e temendo uma repetição da catástrofe de Rotterdam, decidiu capitular.

Desta forma caía neste dia o primeiro aliado de peso na Batalha da França.

Na Bélgica, na cidade de Dinant, no flanco norte da ofensiva contra a região de Sedan, o General Erwin Rommel liderava pessoalmente uma força de 30 blindados contra posições francesas e belgas que, diante do brutal ataque, foram obrigadas a recuar mais de 5 km.

Na frente do Rio Meuse, na região de Sedan, as 3 Divisões Panzer do General Heinz Guderian (1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer) conseguiam finalmente cruzar o rio e iniciavam o seu rápido avanço em direção ao Canal da Mancha.

Do alto comando alemão vinham ordens expressas para ele diminuir o ritmo do avanço, mas ele as ignorava ou alegava que se tratavam de meras ações de reconhecimento. Foi mais ou menos a partir desta data que ele passou a ser conhecido pelos seus soldados como “Der schnelle Heinz” (O Rápido Heinz).

Quando confrontado com ordens para parar ou diminuir o ritmo, o “Rápido Heinz” costumava ameaçar com demitir-se.

As defesas de Sedan tinham sido destruídas e toda a Frente do Meuse ameaçava colapsar. Agora era apenas uma questão de tempo até o caminho para o Canal da Mancha estar livre e desimpedido.

A Blitzkrieg alemã, ou Guerra Relâmpago, sob a forma de rápidos e contundentes ataques de formações de blindados e uma íntima conjugação de forças terrestres e aéreas, provava a sua superioridade frente às técnicas convencionais de guerra dos aliados ocidentais.

Mapa mostrando o avanço alemão entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
General Heinz Guderian no seu centro de comando móvel, próximo à frente de combate durante a Batalha da França.
General Heinz Guderian no seu centro de comando móvel, próximo à frente de combate durante a Batalha da França.
Erwin Rommel orientando as suas tropas durante a Batalha da França.
Erwin Rommel orientando as suas tropas durante a Batalha da França.
O centro completamente destruído da cidade de Rotterdam após o bombadeio aéreo do dia 14 de Maio de 1940.
O centro completamente destruído da cidade de Rotterdam após o bombadeio aéreo do dia 14 de Maio de 1940.

13 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu quarto dia.

A Batalha de Sedan entrava no seu segundo dia e as 3 Divisões Panzer do XIX Korps (1ª, 2ª e 10ª Divisão Panzer), comandadas pelo General Heinz Guderian, conseguiam cruzar o Rio Meuse em 3 pontos graças ao apoio da Luftwaffe (os franceses tinham previsto que o rio só seria cruzado ao fim de no mínimo 4 dias de combate, mas os alemães fizeram-no em menos de 24 horas).

Devido à falta de peças de artilharia os alemães dependiam muito do apoio da Luftwaffe e neste dia, graças às mais de 300 missões de ataque ao solo de 2 “wings” de Ju 87 Stukas (o aparelho foi destacado na seção de ontem da “E a arma do dia é…”), os alemães conseguiram destruir as defesas francesas.

Esse foi o maior bombadeio aéreo da história militar até à data, o que afetou muito a moral dos franceses que defendiam a região de Sedan.

Ao fim da tarde espalhou-se o rumor de que blindados alemães tinham conseguido infiltrar-se atrás das linhas francesas, o que gerou o pânico entre os soldados da 55ª Divisão de Infantaria que guardavam a última linha defensiva em Bulson. Os soldados debandaram em meio ao caos e ao pânico, criando um vazio nas linhas francesas mesmo antes de um único blindado alemão ter cruzado o rio.

Ficou conhecido como o “Pânico de Bulson”.

Na Bélgica, apesar dos alemães terem perdido muitos blindados no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página), neste dia os comandantes alemães concentravam todos os seus tanques numa única formação e atacavam o ponto que consideravam mais débil na linha defensiva aliada, o que levou à retirada aliada e à perda de 105 blindados (os alemães perderam 160).

Neste dia a Rainha Wilhelmina da Holanda e o seu governo fugiam para Londres, enquanto a 9ª Divisão alemã aproximava-se dos subúrbios de Rotterdam, que fazia parte da última linha defensiva holandesa, Amsterdam – Rotterdam – Utrecht.

General Heinz Guderian, atrás no seu veículo de comando, orienta as suas formações blindadas na Batalha da França. Reparem na foto: trata-se de uma coluna de Panzers I, o blindado alemão mais leve e ligeiro. Isto prova que o que fez a diferença na Batalha da França não foi a superioridade numérica ou técnica dos equipamentos, mas sim a forma como foram empregados e utilizados.
General Heinz Guderian, atrás no seu veículo de comando, orienta as suas formações blindadas na Batalha da França.
Reparem na foto: trata-se de uma coluna de Panzers I, o blindado alemão mais leve e ligeiro.
Isto prova que o que fez a diferença na Batalha da França não foi a superioridade numérica ou técnica dos equipamentos, mas sim a forma como foram empregados e utilizados.
General Heinz Guderian, no seu veículo de comando, conferenciando com um comandante alemão durante a Batalha da França.
General Heinz Guderian, no seu veículo de comando, conferenciando com um comandante alemão durante a Batalha da França.
Mapa mostrando a movimentação das forças aliadas e alemãs na Batalha da França entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
Mapa mostrando a movimentação das forças aliadas e alemãs na Batalha da França entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.

E a arma do dia é…

O bombardeiro de mergulho alemão Junkers Ju 87 Stuka (Sturzkampfflugzeug, bombardeiro de mergulho, em alemão).

(Peço desculpas pelo texto um pouco extenso, mas acho que vocês irão gostar!)

Um verdadeiro ícone da aviação militar na Segunda Guerra Mundial.

O projeto do bombardeiro de mergulho remonta ao final dos anos 20 através das experiências e protótipos do projetista alemão Hermann Pohlmann, mas a primeira versão do Ju 87 voaria apenas em 1935.

De acordo com Pohlmann, um bombardeiro de mergulho deveria ser simples e robusto, uma filosofia que conduziu à uma das características visuais mais marcantes do aparelho: o seu trem de pouso fixo.

Outro aspecto visual muito característico do Stuka era a sua asa de “gaivota invertida”, desenhada especialmente para possibilitar uma melhor visibilidade do solo por parte do piloto.

Vinha armado à frente (nas asas) com duas metralhadoras de 7.92 mm e atrás havia uma outra de 7.92 manejada por um artilheiro para fins defensivos.

Tinha também uma outra “arma” no seu arsenal: os “Trompetes de Jericho”!

Eram poderosas sirenes que produziam um som aterrador durante as manobras de mergulho. Para um soldado no solo, ouvir a sua sirene era sinal de perigo ou morte iminente. Geralmente pelotões inteiros debandavam desordenadamente quando ouviam essas terríveis sirenes. Uma verdadeira arma psicológica.

O procedimento de mergulho e ataque ao solo era simples:

O piloto localizava o seu alvo através de uma mira no chão do cockpit. Uma vez identificado o alvo, o piloto diminuía a potência do motor, fechava os flaps de refrigeração e o freio de mergulho ativava-se automaticamente. Em seguida o piloto invertia o avião 180º e o aparelho iniciava naturalmente o movimento de mergulho em direção ao solo.

O Stuka mergulhava num ângulo entre os 60º e os 90º à uma velocidade constante entre os 500-600 km/h graças ao seu sistema de freio de mergulho, o que permitia aumentar muito a precisão da sua mira.

Ao atingir uma determinada altitude, tipicamente aos 450 metros, uma luz no painel indicava ao piloto o momento certo para soltar a bomba. Assim que a bomba era solta o piloto pressionava um botão na coluna de comando e o aparelho iniciava a recuperação automática do mergulho, o que era muito útil pois algumas vezes os pilotos desmaiavam devido à força G exercida sobre eles na manobra de recuperação.

Quando o nariz subia acima do horizonte o freio de mergulho retraía-se, a potência do motor aumentava e a hélice era ajustada para uma rápida subida do aparelho.

Tudo isto automaticamente! Só a partir deste momento é que o piloto ganhava novamente controle sobre o avião.

Graças ao seu sistema automático de mergulho, no início da guerra era o único bombardeiro capaz de mergulhar num ângulo de 90º.

O Stuka foi utilizado em todas as frentes onde a Alemanha combateu. A sua primeira aparição em combate deu-se na Espanha, onde combateu ao lado das forças fascistas de Franco em 1936.

Na Segunda Guerra Mundial desempenhou um bom papel na Polónia e na Noruega, mas foi na Batalha da França em Maio de 1940 onde ganhou realmente notoriedade, tendo sido muito utilizado como suporte aéreo pelas forças alemãs terrestres.

Os batalhões da Wehrmacht tinham equipes de rádio que podiam se comunicar diretamente com o controle aéreo da região e, em caso de necessidade, podiam pedir um bombardeio aéreo de precisão, um pedido que tipicamente era atendido em menos de 30 minutos.

Os Stukas foram cruciais para o sucesso da Blitzkrieg (guerra relâmpago). Tratava-se de um conceito até então inédito no mundo: integração total e irrestrita entre a força aérea e o exército. Por exemplo, na França, um pedido de suporte aéreo por parte da infantaria tinha que obrigatoriamente passar por uma longa cadeia de comando, o que geralmente atrasava a chegada da ajuda em muitas horas (no caso dos alemães, a ajuda aérea podia chegar em até 10 minutos).

Apesar da sua incrível eficácia como bombardeiro de megulho, tinha uma grave limitação: era um alvo fácil para os caças modernos aliados. Era comum esquadrões com 10, 15 ou mesmo 20 aparelhos serem dizimados por caças aliados, por isso era obrigatório uma pesada escolta de caças para que pudesse desempenhar corretamente o seu papel.

Até 1944 foram construídos cerca de 6.500 aparelhos.

Procedimento de mergulho de um Junkers Ju 87 Stuka. A manobra de recuperação do vôo picado era completamente automático.
Procedimento de mergulho de um Junkers Ju 87 Stuka.
A manobra de recuperação do vôo picado era completamente automático.
Algumas versões do Junkers Ju 87 Stuka desenvolvidas durante a guerra.
Algumas versões do Junkers Ju 87 Stuka desenvolvidas durante a guerra.
Junkers Ju 87 Stuka.
Junkers Ju 87 Stuka.
Junkers Ju 87 Stuka.
Junkers Ju 87 Stuka.
Junkers Ju 87 Stuka.
Junkers Ju 87 Stuka.