2 de Maio de 1945

Neste dia a Batalha de Berlim entrava no seu décimo sétimo (e último!) dia.

Às primeiras horas da manhã soldados soviéticos assaltavam a Chancelaria, o símbolo máximo do poder nazista e em cujos jardins encontrava-se o bunker de Hitler.

De acordo com a propaganda soviética, a batalha na Chancelaria foi tão brutal como a batalha no Reichstag, mas muito provavelmente deve tratar-se de um exagero propagandístico pois haviam muito menos soldados defendendo a Chancelaria já que a maior parte tinha escapado durante a noite.

À 1h da manhã os soviéticos apanharam uma mensagem de rádio do LVI Corpo Alemão requisitando um cessar fogo e um encontro na ponte Potsdamer. Neste encontro o General Weidling rendia-se aos soviéticos por volta das 6h da manhã.

Na conversa que se seguiu, Chuikov perguntou pelo General Krebs, com quem tinha conversado no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página), ao que o General Weidling respondeu que provavelmente tinha se suicidado no bunker.

Em seguida, o General Weidling colocou por escrito a sua ordem de rendição e, às 15h em ponto, terminava a Batalha de Berlim.

No total, se considerarmos as batalhas envolvendo as 3 grandes frentes de avanço russo (1ª e 2ª Frente Bielorussas e 1ª Frente Ucraniana), cerca de 100 mil soldados soviéticos e quase 500 mil soldados alemães perderam a vida nos 17 dias em que durou o assalto final à capital alemã.

Apesar de alguns combates esporádicos ao longo da cidade, no fim do dia 2 de Maio de 1945 as armas finalmente silenciavam-se na cidade de Berlim.

Na Áustria e no norte da Itália, 1 milhão de soldados alemães rendiam-se ao Marechal de Campo britânico Harold Alexander, pondo fim à guerra nesta parte do continente europeu.

Soldados soviéticos comemorando a capitulação da cidade de Berlim no dia 2 de Maio de 1945.
Soldados soviéticos comemorando a capitulação da cidade de Berlim no dia 2 de Maio de 1945.
General Helmuth Weidling logo após a sua rendição no dia 2 de Maio de 1945.
General Helmuth Weidling logo após a sua rendição no dia 2 de Maio de 1945.
General Helmuth Weidling e o seu staff logo após a sua rendição no dia 2 de Maio de 1945.
General Helmuth Weidling e o seu staff logo após a sua rendição no dia 2 de Maio de 1945.
General Helmuth Weidling logo após a sua rendição no dia 2 de Maio de 1945.
General Helmuth Weidling logo após a sua rendição no dia 2 de Maio de 1945.
Soldados alemães rendendo-se na cidade de Berlim em 2 de Maio de 1945.
Soldados alemães rendendo-se na cidade de Berlim em 2 de Maio de 1945.
Discurso comemorando a capitulação da cidade de Berlim no dia 2 de Maio de 1945.
Discurso comemorando a capitulação da cidade de Berlim no dia 2 de Maio de 1945.

1 de Maio de 1945

Neste dia a Batalha de Berlim entrava no seu décimo sexto dia.

Às primeiras horas da manhã Joseph Goebbels, então o novo Chanceler da Alemanha, ordenou ao General Hans Krebs e ao Coronel Theodor von Dufving que, sobre a proteção de uma bandeira branca, entregassem ao General Vasily Chuikov, Comandante do 8º Exército de Guardas responsável pelo assalto ao centro da capital, uma carta com os termos de rendição da cidade de Berlim.

A comitiva chegou ao quartel general soviético por volta das 4 horas da manhã e apanhou Chuikov de surpresa. Krebs, que falava russo, informou os soviéticos da morte de Hitler. Chuikov, que não sabia que havia um bunker debaixo da Chancelaria, não deu o braço a torcer e mentiu, dizendo calmamente que já tinha informações sobre o suicídio.

Os termos de rendição da carta sugeria o estabelecimento de um novo governo nacional-socialista na Alemanha com o objetivo de, em conjunto com a União Soviética, expulsar os aliados da Europa Ocidental.

A proposta foi rejeitada. A União Soviética não aceitaria nada a não ser uma rendição incondicional da Alemanha.

Por toda a parte a resistência alemã organizada tinha terminado e apenas algumas unidades das SS mais fanáticas continuavam lutando.

Às primeiras horas da manhã deste dia a guarnição da Torre Flak do Zoológico de Berlim, uma estrutura tão forte que resistia facilmente aos disparos diretos de morteiros de 200mm, rendia-se.

O General Helmuth Weidling, comandante da Área Defensiva de Berlim, tinha dado ordens para que os sobreviventes no bunker de Hitler tentassem fugir do cerco da capital a partir das 21h, mas houve um atraso e as tentativas começaram apenas às 23h.

O primeiro grupo foi liderado pelo General Wilhelm Mohnke, comandante do Distrito Governamental de Berlim e incluía Martin Bormann, Werner Naumann e o pessoal administrativo do bunker (secretárias, operadores de rádio, médicos, enfermeiros, etc.). O grupo acabou por se dividir e Bormann, na companhia do médico Stumpfegger, foram mortos logo após cruzarem o rio Spree.

Burgdorf, que desempenhou um papel central na morte de Erwin Rommel, suicidava-se no bunker ao lado de Krebs.

Apenas um número muito reduzido de sobreviventes conseguiu chegar à frente oeste e render-se aos aliados ocidentais.

O Reichstag parcialmente destruído após a Batalha de Berlim.
O Reichstag parcialmente destruído após a Batalha de Berlim.
General Hans Krebs.
General Hans Krebs.
General Vasily Chuikov.
General Vasily Chuikov.
Guarnição da Torre Flak no Zoológico de Berlim.
Guarnição da Torre Flak no Zoológico de Berlim.
General Wihelm Mohnke.
General Wihelm Mohnke.
General Helmuth Weidling.
General Helmuth Weidling.
Prisioneiros de guerra alemães após a queda da capital alemã.
Prisioneiros de guerra alemães após a queda da capital alemã.
Civis berlinenses limpando os escombros após a queda da capital alemã.
Civis berlinenses limpando os escombros após a queda da capital alemã.

1 de Maio de 1945

Neste dia Joseph Goebbels, então o novo Chanceler da Alemanha após o suicídio de Hitler, e a sua esposa Magda Goebbels, assassinavam os seus seis filhos e se suicidavam nos jardins da Chancelaria.

Por volta das 20 horas deste dia Goebbels, com a ajuda do dentista das SS Helmut Kunz, administrava uma dose elevada de morfina aos seus 6 filhos.

Minutos depois, após confirmarem que todos estavam dormindo, Magda Goebbels e Stumpfegger, o médico pessoal de Hitler, partiam ampolas de cianeto na boca de cada uma das crianças, matando-as instantaneamente.

Logo depois ambos subiram para os jardins da Chancelaria, mordiam cápsulas de cianeto e disparavam um contra o outro ao mesmo tempo.

Os corpos foram molhados com gasolina e queimados, mas devido à escassez de combustível ficaram apenas parcialmente chamuscados, facilitando a sua posterior identificação.

Magda Goebbels era uma nazista fanática e as suas cartas, algumas escritas há mais de 1 mês, indicavam que ela já tinha planos de assassinar os seus filhos há muito tempo.

Em homenagem a Hitler as crianças receberam nomes que começavam pela letra “H”: Helga, Hilde, Helmut, Holde, Hedda e Heide.

A família Goebbels em 1942. À excepção do filho mais velho, em pé atrás da foto, todas as crianças foram assassinadas no bunker no dia 1 de Maio de 1945.
A família Goebbels em 1942. À excepção do filho mais velho, em pé atrás da foto, todas as crianças foram assassinadas no bunker no dia 1 de Maio de 1945.
Joseph Goebbels
Joseph Goebbels
Magda Goebbels
Magda Goebbels

30 de Abril de 1945

Neste dia a Batalha de Berlim entrava no seu décimo quinto dia.

Às 6h da manhã a 150ª Divisão de Rifles iniciava o ataque final ao Reichstag através da praça Königsplatz.

Os combates que se seguiram foram duros e sangrentos. Nos dias anteriores os alemães cavaram uma intrincada rede de trincheiras à volta do edifício e enterrado milhares de minas anti-pessoais.

A primeira onda de assalto soviética foi completamente dizimada, mas após a construção de uma ponte sobre o rio Spree os soviéticos conseguiram trazer blindados e peças pesadas de artilharia para dentro do Distrito Governamental.

Por volta das 10h00 da manhã os soldados da 150ª Divisão de Rifles tinham percorrido mais ou menos metade do caminho em direção ao Reichstag, mas intenso fogo de artilharia da Torre Flak do Zoológico de Berlim impediu novos avanços.

Nas horas seguintes os soviéticos direcionaram o fogo de quase 100 peças de artilharia para o Reichstag e o seu complexo de trincheiras, ao mesmo tempo que a 171ª Dvisão de Rifles, no flanco esquerda da 150ª, continuava capturando os demais edifícios governamentais e diplomáticos da região.

Às 18h, enquanto Weidling finalizava os planos para tentar quebrar o cerco da cidade, 3 regimentos da 150ª Divisão, cobertos por uma pesada barragem de artilharia e por blindados, assaltavam o Reichstag, cujas portas e janelas tinham sido totalmente vedadas com tijolos e pedras.

O interior do edifício era guardado por cerca de 1.000 defensores, uma mistura de marinheiros da Kriegsmarine, soldados das SS e membros da Juventude Hitlerista que, do alto das escadarias, disparavam sobre os soldados soviéticos que entravam no edifício, transformando o seu hall de entrada num verdadeiro mar de sangue e corpos.

Apesar das muitas baixas, os soviéticos conseguiram passar pelo hall de entrada e começaram a subir os pisos do Reichstag, combatendo por cada sala e cômodo do enorme edifício.

Não há números oficiais, mas acredita-se que cerca de 3.000 soldados soviéticos morreram nas 4 ou 5 horas que durou o assalto final ao Reichstag.

Os combates no interior do edifício duraram toda a noite e só nas primeiras horas do dia 1 de Maio é que os combates terminaram, com os últimos soldados alemães fugindo pelas traseiras.

A propaganda soviética afirma que a bandeira vermelha foi hasteada no alto do Reichstag às 22h50, mas muito provavelmente tal evento só deve ter ocorrido na manhã do dia 1 de Maio.

Reencenação do hasteamento da bandeira soviética no alto do Reichstag. A primeira bandeira soviética deve ter sido hasteada na noite entre os dias 30 de Abril e 1 de Maio, durante os combates pelo controle do edifício.
Reencenação do hasteamento da bandeira soviética no alto do Reichstag. A primeira bandeira soviética deve ter sido hasteada na noite entre os dias 30 de Abril e 1 de Maio, durante os combates pelo controle do edifício.
O Reichstag após os combates
O Reichstag após os combates
O Reichstag durante os combates
O Reichstag durante os combates
Torre Flak no Zoológico de Berlim.
Torre Flak no Zoológico de Berlim.
Bandeira soviética hasteada no Hotel Adlon, em Berlim. Ao fundo vê-se os Portões de Brandemburgo.
Bandeira soviética hasteada no Hotel Adlon, em Berlim. Ao fundo vê-se os Portões de Brandemburgo.

30 de Abril de 1945

Neste dia Adolf Hitler e a sua mulher Eva Hitler (nome de solteira, Eva Braun) suicidavam-se no Führerbunker, por volta das 15h30 (hora local).

Com o Exército Vermelho combatendo a menos de 500 metros do bunker, na manhã do dia 30 de Abril Hitler teve uma rápida reunião com o General Helmuth Weidling, comandante da Área Defensiva de Berlim, na qual foi informado que os soldados combatendo na capital ficariam sem munições dentro de poucas horas.

Weidling solicitou mais uma vez à Hitler permissão para concentrarem os esforços com o objetivo de quebrarem o cerco, permitindo assim a fuga de alguns civis e soldados, mas Hitler não respondeu. De acordo com o testemunho de Weidling, nesta manhã Hitler parecia “hipnotizado”.

Às 13h00 Weidling recebia uma ordem direta de Hitler autorizando-o a tentar quebrar o cerco, mas já era tarde demais. Logo depois Hitler, junto com as suas duas secretárias e a sua cozinheira pessoal, almoçaram. Em seguida, na companhia da sua mulher Eva Hitler (Braun), despediram-se dos ocupantes do Führerbunker, incluindo Bormann, Joseph Goebbles e a sua família, as secretárias e diversos oficiais militares.

Às 14h30 entravam ambos nas acomodações privadas de Hitler e, de acordo com várias testemunhas, às 15h30 ouvia-se um disparo vindo do interior. Alguns minutos depois, Heinz Linge e Martinn Bormann entravam no quarto e constatavam a morte de Hitler e da sua mulher.

De acordo com o testemunho do SS-Sturmbannführer Otto Günsche, ajudante de Hitler e a terceira pessoa a entrar no quarto:

“Hitler estava sentado numa poltrona, a cabeça estava caído sobre a mesa à sua frente e saía sangue da sua têmpora direita. A sua pistola, uma Walther PPK 7.65, estava caída aos seus pés. O corpo de Eva não apresentava danos físicos, mas o seu rosto tinha claros sinais de morte por envenenamento.”

Minutos depois os corpos foram levados para fora do Führerbunker e depositados no interior de uma cratera. Gasolina foi derramada por cima dos corpos e, após algumas tentativas falhadas de atear fogo, por volta das 16h00 ambos os corpos começavam a arder.

Às 18h30 os corpos, apenas parcialmente carbonizados, foram cobertos com terra.

Adolf Hitler e Eva Braun.
Adolf Hitler e Eva Braun.

29 de Abril de 1945

Neste dia (provavelmente) foram tiradas as 2 últimas fotografias de Adolf Hitler com vida.

Com algumas unidades do Exército Vermelho combatendo a menos de 1 quilômetro do Führerbunker, neste dia Hitler era fotografado durante uma rápida inspeção aos danos causados na Chancelaria pelos recentes ataques.

Nas fotografias ele aparece ao lado de Julius Schaub, o seu secretário particular.

Adolf Hitler com Julius Schaub, inspecionando os danos causados na Chancelaria.
Adolf Hitler com Julius Schaub, inspecionando os danos causados na Chancelaria.
Adolf Hitler com Julius Schaub, inspecionando os danos causados na Chancelaria.
Adolf Hitler com Julius Schaub, inspecionando os danos causados na Chancelaria.

29 de Abril de 1945

Neste dia a Batalha de Berlim entrava no seu décimo quarto dia.

As primeiras tropas soviéticas cruzavam a ponte Moltke sobre o rio Spree e entravam no distrito governamental da capital alemã, a menos de 1 quilômetro da Chancelaria e do Führerbunker.

O primeiro edifício a ser capturado foi o quartel general da Gestapo, mas um forte contra-ataque de algumas unidades das Waffen-SS obrigou os soviéticos a recuarem.

E neste dia, pouco antes de se casar com Eva Braun, Adolf Hitler assinava o seu testamento político e a sua “última vontade”, um documento curto no qual ele reconhecia o seu casamento com Eva Braun e o seu desejo de ser cremado após cometer o suicídio.

No seu testamento político Hitler nomeava o Almirante Karl Dönitz como Presidente do Reich e Joseph Goebbels como Chanceler.

Fora de Berlim, soldados alemães combatendo os soviéticos na frente leste tentavam desesperadamente alcançar a frente oeste. O objetivo era evitar a todo custo serem capturados pelos soviéticos.

Mapa mostrando o avanço soviéico pela ponte Moltke e a entrada das primeiras forças no distrito governamental da capital.
Mapa mostrando o avanço soviéico pela ponte Moltke e a entrada das primeiras forças no distrito governamental da capital.
Artilharia soviética nas ruas de Berlim.
Artilharia soviética nas ruas de Berlim.
Destroços e destruição nas ruas de Berlim. Ao fundo vê-se os Portões de Brandemburgo.
Destroços e destruição nas ruas de Berlim. Ao fundo vê-se os Portões de Brandemburgo.
Soldado soviético passando pelo corpo de um soldado alemão morto nos combates em Berlim.
Soldado soviético passando pelo corpo de um soldado alemão morto nos combates em Berlim.
Cidade de Berlim destruída durante os combates em Abril de 1945.
Cidade de Berlim destruída durante os combates em Abril de 1945.

29 de Abril de 1945

Neste dia Adolf Hitler e Eva Braun casavam-se no Führerbunker.
Com a cidade de Berlim completamente cercada e com tropas soviéticas a apenas 1 quilômetro da Chancelaria, Hitler e a sua amante de longa data, Eva Braun, casavam-se numa pequena cerimônia civil pouco depois da meia-noite.
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Registro civil de casamento. Reparem como Eva Braun começa a assinar o seu sobrenome de solteiro “Braun”, em seguida risca o “B” e escreve Hitler.
Eva Braun e Adolf Hitler.
Adolf Hitler e Eva Braun.
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Adolf Hitler e Eva Braun.