18 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu nono dia.

Na seção norte da Frente, forças alemãs conquistavam Antuérpia, na Bélgica, e o governo alemão re-incorporava territórios que a Alemanha tinha cedido à Bélgica pelo Tratado de Versalhes (acordo firmado após o fim da Primeira Guerra Mundial).

Neste dia a 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel e a 1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer de Heinz Guderian faziam uma pausa para reabastecer e aguardar pela chegada da infantaria.

Nos últimos 5 dias Rommel tinha avançado mais de 170 km pelo interior da França e feito mais de 10.000 prisioneiros franceses à custa de apenas 36 blindados, mas o contra-ataque do Coronel Charles de Gaulle no dia anterior (evento destacado ontem aqui na página) alertou os líderes militares alemães para a necessidade de reforçar o flanco sul das suas divisões panzers.

Neste dia a cidade de Amiens, à menos de 100 km do Canal da Mancha, caía nas mãos de Guderian.

O “golpe de foice” alemão estava prestes a ser desferido contra as tropas aliadas.

Soldados franceses que se renderam durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados franceses que se renderam durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados aliados cruzando-se com refugiados franceses durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldados aliados cruzando-se com refugiados franceses durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Coluna de Panzers II durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Coluna de Panzers II durante a Batalha da França, Maio de 1940.

16 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu sétimo dia.

Na Bélgica, os ataques do Grupo de Exércitos B do Marechal Fedor von Bock aproximavam-se rapidamente da sua capital, levando a que os belgas evacuassem Bruxelas e fugissem para a cidade de Ostend.

Um pouco mais ao sul, formações blindadas do Grupo de Exércitos A do Marechal Gerd von Rundstedt quebravam as linhas francesas em diversos pontos, capturando milhares de soldados franceses que rendiam-se em massa face ao imparável avanço alemão.

As 3 Divisões Panzer de Heinz Guderian chegavam à cidade francesa de Montcornet e a 7ª Divisão Panzer de Rommel, a famosa “Divisão Fantasma”, chegava a Avesnes-sur-Helpe.

O Alto Comando Alemão, assustado com o rápido avanço das suas divisões blindadas, emitia ordens urgentes para que parassem e aguardassem pela chegada da infantaria. Temiam que os seus flancos, perigosamente expostos, pudessem ser atacados pelos franceses.

As ordens eram geralmente ignoradas e o avanço prosseguia à toda velocidade.

Neste dia o Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, encontrava-se com o Primeiro Ministro francês, Paul Reynaud. Na conversa que se seguiu Churchill perguntou quantas forças de reserva a França ainda dispunha, ao que o seu homólogo francês respondeu:

“Aucune” (“Nenhuma”).

O plano alemão de atrair as forças aliadas para o interior da Bélgica, através do uso do seu Grupo de Exércitos B, e desferir um golpe de foice pelo sul através do avanço rápido das formações blindadas do Grupo de Exércitos A, estava correndo exatamente como o planejado.

Coluna blindada alemã durante a Batalha da França, Maio de 1940. À frente vemos um blindado checo 38(t).
Coluna blindada alemã durante a Batalha da França, Maio de 1940. À frente vemos um blindado checo 38(t).
Soldado alemão ferido durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Soldado alemão ferido durante a Batalha da França, Maio de 1940.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão até ao dia 16 de Maio de 1940. Reparem como o "golpe de foice" começa a formar-se no sul.
Mapa mostrando detalhes do avanço alemão até ao dia 16 de Maio de 1940.
Reparem como o “golpe de foice” começa a formar-se no sul.

14 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu quinto dia.

Na Holanda o General Rudolf Schmidt, comandante do 9º Corpo Panzer, ameaçou bombardear a cidade de Rotterdam caso a mesma não se rendesse. A guarnição militar da cidade, após avaliar a ameaça, decidiu render-se e a ordem de bombardeio aéreo foi cancelada pela Luftwaffe, no entanto, alguns bombardeiros não a receberam e a cidade foi atingida por 95 toneladas de bombas, matando mais de 1.000 civis.

Neste mesmo dia, quando uma ameaça semelhante foi feita à cidade de Utrecht, o governo holandês, incapaz de deter os bombardeiros inimigos e temendo uma repetição da catástrofe de Rotterdam, decidiu capitular.

Desta forma caía neste dia o primeiro aliado de peso na Batalha da França.

Na Bélgica, na cidade de Dinant, no flanco norte da ofensiva contra a região de Sedan, o General Erwin Rommel liderava pessoalmente uma força de 30 blindados contra posições francesas e belgas que, diante do brutal ataque, foram obrigadas a recuar mais de 5 km.

Na frente do Rio Meuse, na região de Sedan, as 3 Divisões Panzer do General Heinz Guderian (1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer) conseguiam finalmente cruzar o rio e iniciavam o seu rápido avanço em direção ao Canal da Mancha.

Do alto comando alemão vinham ordens expressas para ele diminuir o ritmo do avanço, mas ele as ignorava ou alegava que se tratavam de meras ações de reconhecimento. Foi mais ou menos a partir desta data que ele passou a ser conhecido pelos seus soldados como “Der schnelle Heinz” (O Rápido Heinz).

Quando confrontado com ordens para parar ou diminuir o ritmo, o “Rápido Heinz” costumava ameaçar com demitir-se.

As defesas de Sedan tinham sido destruídas e toda a Frente do Meuse ameaçava colapsar. Agora era apenas uma questão de tempo até o caminho para o Canal da Mancha estar livre e desimpedido.

A Blitzkrieg alemã, ou Guerra Relâmpago, sob a forma de rápidos e contundentes ataques de formações de blindados e uma íntima conjugação de forças terrestres e aéreas, provava a sua superioridade frente às técnicas convencionais de guerra dos aliados ocidentais.

Mapa mostrando o avanço alemão entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
Mapa mostrando o avanço alemão entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
General Heinz Guderian no seu centro de comando móvel, próximo à frente de combate durante a Batalha da França.
General Heinz Guderian no seu centro de comando móvel, próximo à frente de combate durante a Batalha da França.
Erwin Rommel orientando as suas tropas durante a Batalha da França.
Erwin Rommel orientando as suas tropas durante a Batalha da França.
O centro completamente destruído da cidade de Rotterdam após o bombadeio aéreo do dia 14 de Maio de 1940.
O centro completamente destruído da cidade de Rotterdam após o bombadeio aéreo do dia 14 de Maio de 1940.

13 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da Noruega entrava no seu 35º dia.

Com toda a região sul e central do país sob domínio alemão, os aliados concentravam-se no norte com o objetivo de cortar o fluxo do precioso minério de ferro sueco que era enviado para a Alemanha através do porto de Narvik.

Com este objetivo em mente, neste dia forças francesas faziam um grande desembarque anfíbio em Bjerkvik, enquanto que do mar navios de guerra aliados bombardeavam a cidade e as posições alemãs na região.

O desembarque foi um sucesso e os franceses conseguiram expulsar os alemães e conquistar a cidade.

No entanto, com a invasão alemã da França, os líderes aliados começavam a considerar a retirada de parte das forças combatendo na Noruega para reforçar as suas posições na Bélgica e na Holanda, o que provaria ser desastroso para o resultado final da Batalha da Noruega.

Soldados alemães avançando para o norte da Noruega.
Soldados alemães avançando para o norte da Noruega.
Soldados de esqui franceses e noruegueses na Frente de Narvik.
Soldados de esqui franceses e noruegueses na Frente de Narvik.

12 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu terceiro dia.

À tarde forças blindadas alemãs, comandadas pelo General Hans Guderian (pertencente ao Grupo de Exércitos A), após ultrapassarem a “inexpugnável” floresta das Ardenas, finalmente entravam em território francês e alcançavam a Linha do Rio Meuse, na cidade de Sedan, um forte cinturão defensivo com 6 km de profundidade formado por mais de 103 bunkers construídos com concreto reforçado, minas anti-tanques e anti-pessoais, bem como um intrincado sistema de trincheiras.

Começava a Batalha de Sedan!

Essa região era defendida pelo 147º Regimento de Infantaria e pela 55ª Divisão de Infantaria, uma mera divisão de reserva de Grau “B”.

Ao fim deste dia as divisões de Guderian já tinham conquistado a margem norte do Rio Meuse e preparavam-se para atravessá-lo no dia seguinte.

Os franceses acreditavam que a travessia alemã do rio levaria 4 dias para ser completada, tempo suficiente para chegarem novos reforços, no entanto, engenheiros militares alemães começavam nesta mesma noite a construir pontes ao longo do rio e às primeiras horas da manhã do dia seguinte algumas unidades já tentavam a travessia.

Mais ao norte, o Grupo de Exércitos B do General von Bock continuava avançando pela Holanda e pela Bélgica com as suas 30 divisões de infantaria e ao sul o Grupo de Exércitos C do General Leeb avançava com as suas 17 divisões contra a Linha Maginot, mantendo-a ocupada e impedindo que as suas forças fossem enviadas para reforçar outras posições sob ataque alemão.

Neste dia, na Bélgica, decorria a primeira batalha de blindados da Segunda Guerra Mundial, quando a 3ª e a 4ª Divisões Panzer alemãs encontraram-se com 2 divisões blindadas francesas. Os alemães, equipados com Panzers I e II, foram aniquilados pelos franceses, equipados com blindados S35 e H35.

Na Holanda a 9ª Divisão Panzer chegava à cidade de Moerdijk, substituíndo os paraquedistas alemães que estavam defendendo a sua valiosa ponte desde o dia 10 de Maio.

Soldados franceses carregando uma peça de artilharia durante a Batalha da França.
Soldados franceses carregando uma peça de artilharia durante a Batalha da França.
Soldado francês rendendo-se durante a Batalha da França.
Soldado francês rendendo-se durante a Batalha da França.
Panzers II no interior da França.
Panzers II no interior da França.
Panzer II em frente à uma ponte destruída durante a Batalha da França.
Panzer II em frente à uma ponte destruída durante a Batalha da França.

10 de Maio de 1940

Neste dia forças alemãs invadiam o Luxemburgo, a Bélgica e a Holanda, dando assim início à Batalha da França.

Na madrugada do dia 9 para o dia 10 forças alemãs entravam em Luxemburgo, um pequeno país encravado entre a Alemanha, a França e a Bélgica, levando a família real luxemburguesa a ser evacuada para o sul. Ao fim do dia o país já estava sob controle alemão e colunas Panzers aproximavam-se rapidamente da floresta das Ardenas.

Às primeiras horas da manhã unidades de Fallschirmjägers (paraquedistas) da 7ª Divisão Flieger e da 22ª Divisão Luftlande, sob o comando de Kurt Student, eram lançados sobre Hague, bloqueando a estrada para Roterdam, e também sobre a fortaleza belga de Eben-Emael, onde uma pequena força de 78 soldados aterrisaram com planadores mesmo por cima da fortaleza, apanhando os 700 defensores de surpresa e neutralizando-a em poucas horas.

Nos céus da Bélgica e da Holanda a Luftwaffe reinou soberana no primeiro dia da batalha. Graças a um reconhecimento aéreo fotográfico feito dias atrás, a Luftwaffe foi capaz de destruir no solo 83 dos 179 aviões militares belgas nas primeiras 24 horas. Na Holanda a superioridade numérica da Luftwaffe fez-se notar desde o início.

Ao fim do primeiro dia, forças blindadas alemãs tinham avançado quase 20 km no interior da Holanda, levando os líderes aliados a ativarem o Plano Dyle de defesa, que consistia na entrada de forças francesas e inglesas na Bélgica através do rio Dyle para formar uma linha defensiva o mais próximo possível da fronteira holandesa e alemã.

No primeiro dia da Batalha da França os líderes aliados, ao constatarem que o grosso das forças alemãs estava atacando pela Holanda e Bélgica, sentiram-se aliviados e otimistas pois confirmavam as suas suspeitas de que o ataque alemão de 1940 seria uma repetição do ataque alemão de 1914. Não podiam estar mais enganados!

Mapa mostrando os movimentos das tropas aliadas e alemãs entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
Mapa mostrando os movimentos das tropas aliadas e alemãs entre os dias 10 e 16 de Maio de 1940.
Desenho mostrando como se processou o ataque surpresa à fortaleza de Eben-Emael.
Desenho mostrando como se processou o ataque surpresa à fortaleza de Eben-Emael.
Planadores utilizados pelos Fallschirmjäger (paraquedistas) alemães na tomada da fortaleza de Eben-Emael, na Bélgica.
Planadores utilizados pelos Fallschirmjäger (paraquedistas) alemães na tomada da fortaleza de Eben-Emael, na Bélgica.
Kurt Student.
Kurt Student.
Soldados britânicos marchando para a frente de combate na Bélgica.
Soldados britânicos marchando para a frente de combate na Bélgica.
Soldados franceses e refugiados belgas numa estrada no interior da Bélgica.
Soldados franceses e refugiados belgas numa estrada no interior da Bélgica.
Tropas alemãs nas primeiras horas da invasão da Bélgica. Notem no céu um Ju 87 Stuka em vôo picado.
Tropas alemãs nas primeiras horas da invasão da Bélgica. Notem no céu um Ju 87 Stuka em vôo picado.

9 de Maio de 1940

Neste dia a fase da Segunda Guerra Mundial conhecida como “Phoney War” (algo como Guerra Falsa, em português) estava chegando ao fim.

No dia 1 de Setembro de 1939 a Alemanha invadia a Polónia e 3 dias depois a França e a Inglaterra, honrando a aliança militar entre os três países, declaravam guerra à Alemanha, dando assim início à Segunda Guerra Mundial.

Com grande parte do seu exército combatendo na Polónia, a Alemanha tinha apenas uma pequena força militar na fronteira com a França.

Em Setembro de 1939 os franceses e britânicos tinham cerca de 110 divisões prontas para o combate, enquanto que os alemães tinham apenas 23, muitas delas sem blindados ou armas anti-tanque.

Nas palavras do Comandante alemão Alfred Jodl durante os Julgamentos de Nuremberg, “nós, alemães, só não colapsamos em Setembro / Outubro de 1939 porque vocês não atacaram”.

Logo após a declaração de guerra, 40 divisões francesas estacionadas na Linha Maginot avançaram pelo interior da Alemanha naquela que ficou conhecida como a Ofensiva do Saar. Como era de se esperar, o avanço francês não encontrou grande resistência por parte das fracas forças alemãs, o que lhes permitiu avançar cerca de 32 km até perto de Saarbrücken.

Sabe-se hoje que se os franceses tivessem persistido no ataque, muito provavelmente a Alemanha teria sucumbido antes do final de 1939, no entanto, em 12 de Setembro de 1939 os líderes militares franceses decidiram cancelar todas as operações ofensivas, recuar as suas forças para a Linha Maginot e aguardar pelo avanço alemão. Optaram por uma guerra puramente defensiva.

Começava assim a Phoney War.

Durante esta fase da guerra, as principais confrontações entre a Alemanha e os aliados ocidentais deu-se no mar, com muitas e importantes batalhas navais que resultaram no afundamento de muitas embarcações alemãs e aliadas, com destaque para o porta-aviões britânico HMS Courageous, afundado por um submarino, o encouraçado HMS Royal Oak e o encouraçado de bolso alemão Almirante Graf Spree.

Em terra, os eventos que se destacaram foi a Batalha da Noruega e a Guerra de Inverno, travada entre a Finlândia e a União Soviética.

No dia 10 de Maio de 1940, com a invasão alemã da França naquela que foi considerada a maior operação militar da história até então, a Phoney War chegava ao fim.

Crianças britânicas. No início da Segunda Guerra Mundial muitas foram evacuadas para zonas rurais no interior da Inglaterra ou mesmo para o Canadá.
Crianças britânicas. No início da Segunda Guerra Mundial muitas foram evacuadas para zonas rurais no interior da Inglaterra ou mesmo para o Canadá.
Soldado britânico observando o Canal da Mancha durante a Phoney War.
Soldado britânico observando o Canal da Mancha durante a Phoney War.
Manchete de jornal:
Manchete de jornal: “Como a BBC consegue transformar os horrores da trincheira em um reality show?”.
Placa de aviso:
Placa de aviso: “Hitler não enviará um aviso, por isso ande sempre com a sua máscara de gás”.

2 de Maio de 1940

Neste dia cerca de 141 divisões alemãs estavam prontas para iniciar a Batalha da França.

Até à data a maior operação militar da história, envolveria milhões de soldados, milhares de blindados, aviões e peças de artilharia.

Data programada para o início da invasão: 10 de Maio de 1940.

Neste mapa podemos ver a evolução do “Plano Amarelo”, nome de código para o plano de invasão da França. A versão final do plano foi aprovada em 15 de Janeiro de 1940.

Evolução do Plano Amarelo, nome de código para o plano de invasão da França.
Evolução do Plano Amarelo, nome de código para o plano de invasão da França.