29 de Abril de 1945

Neste dia chegava ao fim a Batalha de Collecchio, mais uma vitória dos bravos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira na Itália.

O texto é ligeiramente maior do que o habitual, mas a história é interessante e vale a pena o sacrifício. smile emoticon

No dia 26 de Abril de 1945, próximo da pequena aldeia de Collecchio, no norte da Itália, uma unidade brasileira de reconhecimento encontrou-se com veículos blindados da 90ª Divisão Panzergrenadier e outras unidades de infantaria de divisões de apoio.

De acordo com o testemunho do Capitão Pitaluga, comandante da unidade de reconhecimento, as forças brasileiras já tinham ocupado quase a metade da aldeia de Collecchio quando a infantaria inimiga chegou, por volta das 18h.

Os brasileiros contavam apenas com veículos blindados leves do tipo M8, próprios para tarefas de reconhecimento e não para combate de proximidade em ambiente urbano, e também estavam em grande inferioridade numérica, enfrentando um batalhão alemão composto por 3 esquadrões completos.

Às 18h30 chegaram reforços e as forças brasileiras estavam finalmente prontas para enfrentar o inimigo. O comando estava nas mãos do Major Orlando Ramos Ramagem que inicialmente tinha planejado entrincheirar-se na aldeia, mas foi obrigado a mudar de ideias pelo General Mascarenhas de Moraes, comandante divisional da área.

O ataque brasileiro começou neste mesmo dia, por volta das 19h30, com a igreja da aldeia sendo o primeiro edifício importante a ser capturado, sendo utilizada como prisão temporária para soldados alemães capturados e como posto de observação.

Logo após a captura da igreja surgiu de forma repentina o General Zenóbio da Costa, que protagonizou uma cena curiosa, conforme relatado pelo Tenente Jairo Junqueira da Silva:

“Aquele Zenóbio era maluco! Estávamos na porta da igreja quando ele apareceu. A igreja estava cheia e eu tinha os morteiros em posição do lado de fora. De repente apareceu uma patrulha alemã nos jardins da igreja e começaram a disparar. Todo mundo se jogou no chão, mas o Zenóbio ficou ali de pé a mandar ordens, “Sargento, corre ali! Soldado, cobre aquele lado!”, como se fosse um mero líder de esquadrão. Todo mundo caído no chão com medo das metralhadoras alemãs, mas ele ficou de pé e não se moveu.”

Os combates na região duraram 4 dias e culminaram na rendição da 148ª Divisão alemã, da 90ª Divisão Panzergrenadier, da 1ª Divisão Italia Bersaglieri e na 4ª Divisão de Montanha Monte Rosa.

No espaço de apenas 1 semana os brasileiros fizeram 14.700 prisioneiros, sendo 800 oficiais e 2 generais, também capturaram mais de 1.500 veículos e 80 peças de artilharia.

General alemão Otto Freter Pico, comandante da 148ª Divisão de Infantaria, rendendo-se para o General Mario Carloni, da Força Expedicionária Brasileira. Reparem na "cobra fumando" no uniforme do general brasileiro.
General alemão Otto Freter Pico, comandante da 148ª Divisão de Infantaria, rendendo-se para o General Mario Carloni, da Força Expedicionária Brasileira.
Reparem na “cobra fumando” no uniforme do general brasileiro.
A cobra fumando. Emblema da Força Expedicionária Brasileira.
A cobra fumando. Emblema da Força Expedicionária Brasileira.