E a arma do dia é…

O super canhão alemão Schwerer Gustav (“Grande Gustav”).

Era em tudo impressionante:

Pesava 1.400 toneladas, media 47 metros e apenas o seu cano tinha um comprimento de 32,5 metros.

Tinha um calibre de 800 mm (em termos de comparação, o poderoso couraçado alemão Bismarck tinha canhões com um calibre de “apenas” 380 mm) e era capaz de disparar projéteis de 7 toneladas a quase 40 km de distância.

O seu projeto começou em 1934, quando o Alto Comando Alemão encomendou à Krupp a construção de um canhão capaz de destruir as fortificações francesas da Linha Maginot.

As especificações eram ambiciosas: o canhão deveria ser capaz de destruir paredes de concreto reforçado com 7 metros de espessura e placas de aço com 1 metro de espessura!

O projeto seguiu em ritmo lento até 1937, quando a Krupp começou os testes finais para a construção do super canhão. Os trabalhos foram iniciados em 1938 e o cronograma inicial previa a sua conclusão em 1940, no entanto, inúmeros problemas técnicos envolvendo a forja de peças de aço tão grandes atrasaram os trabalhos em pelo menos 1 ano, falhando assim o seu objetivo principal que era participar na invasão alemã da França.

O modelo final do super canhão foi aprovado em 1941 e Hitler encomendou 2 unidades para serem utilizadas na invasão da União Soviética.

O primeiro a ficar pronto foi o Gustav. A sua pesada estrutura foi montada num chassi especialmente construído para o efeito e deslocava-se em cima de 2 linhas férreas paralelas. A estrutura movia-se em cima de 80 rodas de aço semelhantes às utilizadas pelos trens de carga.

Em Fevereiro de 1942, na segunda fase da Operação Barbarossa, a Unidade de Artilharia Pesada 672 foi reorganizada e o pesado Gustav iniciou a sua longa jornada em direção à Criméia.

O trem transportando as peças do super canhão Gustav tinha 25 composições e 1,5 km de comprimento.

Ao chegar ao seu destino os engenheiros militares alemães construíram uma extensão da linha férrea que terminava a 16 km do seu alvo, a cidade ucraniana de Sevastopol.

Eram necessários 250 homens para montar as peças do super canhão em 3 dias, 3.000 homens para construir a estrutura ferroviária de suporte e 2 batalhões flak (artilharia anti-aérea) completos para garantir a segurança da arma contra ataques aéreos.

O Gustav fez 48 disparos contra alvos em Sevastopol e o resultado foi um sucesso completo, deixando a cidade em ruínas com os seus projéteis altamente explosivos de 7 toneladas.

Em seguida o canhão foi enviado para norte com o objetivo de ser utilizado contra a cidade sitiada de Leningrado, mas o ataque foi cancelado.

O Gustav passaria o resto da guerra escondido e seria destruído em Abril de 1945 para evitar que fosse capturado pelos soviéticos.

A Dora foi o segundo super canhão a ser construído. Foi enviado para Stalingrado e em 13 de Setembro de 1942 estava pronto para disparar, no entanto, o contra-ataque soviético levou a que toda a estrutura fosse rapidamente desmontada e levada para a segurança da retaguarda alemã.

Disparo do super canhão Gustav.
Disparo do super canhão Gustav.
Projétil de 7 toneladas do super canhão Gustav. Simplesmente monstruoso.
Projétil de 7 toneladas do super canhão Gustav. Simplesmente monstruoso.
O super canhão Gustav deslocando-se sobre o seu chassi especial em cima de 2 linhas férreas paralelas.
O super canhão Gustav deslocando-se sobre o seu chassi especial em cima de 2 linhas férreas paralelas.
O super canhão Gustav pronto para disparar os seus projéteis de 7 toneladas.
O super canhão Gustav pronto para disparar os seus projéteis de 7 toneladas.

19 de Maio de 1942

Neste dia a Segunda Batalha de Kharkov entrava no seu oitavo dia.

Devido à falta de blindados, armas anti-tanque e sofrendo pesadas baixas devido aos bombardeiros Ju 87 Stuka da Luftwaffe, as forças do Marechal Semyon Timoshenko estavam paralisadas no campo de batalha.

No dia anterior o Marechal Timoshenko e o seu Comissário Político Nikita Khrushchev (que nos anos 50 sucederia Stalin no comando da União Soviética) tinham solicitado a Moscou permissão para interromper a ofensiva e recuar para as posições iniciais, mas a resposta de Stalin foi um contundente “não” (evento destacado ontem aqui na página).

No entanto, devido a um forte contra-ataque do 6º Exército alemão do General Paulus (o mesmo que meses mais tarde seria destruído em Stalingrado), Stalin foi obrigado a encarar as evidências e a aceitar a retirada, mas já era tarde demais e muitas unidades do Marechal Timoshenko já tinham sido aniquilidas ou cercadas pelos alemães.

Soldados soviéticos entregando-se a uma unidade alemã durante a contra-ofensiva do 6º Exército na Segunda Batalha de Kharkov.
Soldados soviéticos entregando-se a uma unidade alemã durante a contra-ofensiva do 6º Exército na Segunda Batalha de Kharkov.
Soldados soviéticos em cima de um T-34 na Segunda Batalha de Kharkov, Maio de 1942.
Soldados soviéticos em cima de um T-34 na Segunda Batalha de Kharkov, Maio de 1942.
Mapa mostrando a extensão máxima da ofensiva soviética na região de Kharkov.
Mapa mostrando a extensão máxima da ofensiva soviética na região de Kharkov.

19 de Maio de 1941

Neste dia, às 2h da manhã, o couraçado Bismarck, o segundo maior navio de guerra alguma vez construído por uma nação europeia (apenas ligeiramente menor que o seu navio-irmão, o Tirpitz), sob o comando do Capitão Ernst Lindemann, levantava âncora do porto de Gotenhafen, atual Gdynia, na Polónia, e rumava para o estreito da Dinamarca em direção ao Mar do Norte.

Às 11h25 da manhã encontrou-se com o cruzador pesado Prinz Eugen e outros 3 destroyers de bolso, o Z10 Hans Lody, o Z16 Friedrich Eckoldt e o Z23. Também eram acompanhados por uma pequena frota de caça-minas.

Tinha assim início a Operação Rheinübung, cujo objetivo era patrulhar as águas do Atlântico Norte e atacar os comboios que abasteciam o Reino Unido de bens essenciais para o seu esforço de guerra.

O Bismarck era um navio realmente impressionante. De longe o maior, mais pesado, mais blindado e mais bem armado navio de guerra de toda a Europa.

Completamente carregado deslocava mais de 55 mil toneladas, tinha 251 metros de comprimento e era impulsionado por 3 poderosas turbinas que, juntas, podiam levar o navio a alcançar velocidades de até 55 km/h (30 nós).

O seu sistema de armas era o mais moderno da época e era composto por 8 poderosos canhões de 380 mm, 12 canhões de 150 mm, e muitas dezenas de outros canhões de menor calibre.

A sua blindagem tinha uma espessura de 320 mm na linha de água, chegando aos 360 mm nas torres dos canhões e, no deck principal, ia dos 100 aos 120 mm. Podia ainda transportar 4 pequenos aviões Arado Ar 196, geralmente utilizados em missões de reconhecimento.

Era o terror dos mares e o alvo principal da Royal Navy.

Corte transversal do Bismarck.
Corte transversal do Bismarck.
O Bismarck visto de frente. Uma visão realmente impressionante.
O Bismarck visto de frente. Uma visão realmente impressionante.
O Bismarck fotografado a partir do Prinz Eugen no início da Operação Rheinübung.
O Bismarck fotografado a partir do Prinz Eugen no início da Operação Rheinübung.

19 de Maio de 1940

Neste dia a Batalha da França entrava no seu décimo dia.

Após terem sido reabastecidas, as 3 divisões panzer de Heinz Guderian (1ª, 2ª e 10ª Divisões Panzer) receberam autorização para continuar o seu avanço em direção ao Canal de Mancha e nesta mesma manhã lançavam um ataque relâmpago contra as fracas 18ª e 23ª Divisões britânicas de Infantaria, no Rio Somme.

Este ataque permitiu aos alemães conquistarem Amiens e, mais importante ainda, uma valiosa ponte sobre o rio na cidade de Abbeville.

Com o sucesso deste ataque Guderian conseguia finalmente isolar as forças britânicas, francesas e belgas que lutavam no norte.

Os aliados estavam cercados!

Neste dia o Coronel Charles de Gaulle tentava um novo ataque contra o flanco sul das divisões de Guderian, no entanto, assim como aconteceu na sua primeira tentativa no dia 17, a Luftwaffe fez valer a sua superioridade aérea, destruíndo mais de 80 dos seus 155 veículos de combate.

Nesta tarde, o Primeiro Ministro francês Paul Reynaud destituía Gamelin do seu posto de comando e colocava em seu lugar Maxime Weygand que, ao contrário do que se poderia esperar, não tinha o menor senso de urgência, chegando mesmo a afirmar que o seu “primeiro ato como comandante-em-chefe aliado seria ter uma boa noite de sono”.

Refugiados franceses fugindo do avanço alemão em Maio de 1940.
Refugiados franceses fugindo do avanço alemão em Maio de 1940.
Prisioneiros de guerra franceses marchando para a retaguarda alemã.
Prisioneiros de guerra franceses marchando para a retaguarda alemã.
Mapa mostrando a situação do avanço alemão entre 16 de Maio e 21 de Maio de 1940.
Mapa mostrando a situação do avanço alemão entre 16 de Maio e 21 de Maio de 1940.

19 de Maio de 1909

Neste dia nascia Sir Nicholas George Winton.

Em Novembro de 1938, na sequência do Kristallnacht (“Noite dos Vidros Partidos”, uma série de ataques coordenados contra sinagogas, residências e negócios judeus na Alemanha e na Áustria durante a noite de 9 para 10 de Novembro de 1938), Sir Winton foi para Praga, na Checoslováquia, auxiliar no trabalho humanitário de um amigo.

Ao chegar ao país tomou conhecimento da situação de mais de 600 crianças judias que estavam em grande perigo devido às políticas anti-semitas alemãs que começavam a ser implementadas no país.

Sem medir esforços, Sir Winton conseguiu encontrar no Reino Unido casas de acolhimento para 669 crianças, cujos pais acabariam por morrer nos campos de concentração nazistas no decorrer da guerra.

Infelizmente, o último grupo de 250 crianças que saiu de Praga no dia 1 de Setembro de 1939 (data do início da Segunda Guerra Mundial) não chegou em segurança ao seu destino. O trem foi parado pelas autoridades nazistas e as crianças foram deportadas. Não se conhece o destino delas.

Durante décadas ele manteve silêncio sobre as suas ações, até que em 1988 a sua esposa encontrou um caderno de anotações dentro de algumas caixas no sótão. No caderno estavam anotados os nomes das crianças e os endereços para onde foram enviadas. A sua esposa, após enviar cartas para os endereços, conseguiu localizar 80 pessoas que ainda viviam no Reino Unido, e foi só então que a história completa do salvamento veio a público.

Por ter salvo 669 crianças de um destino incerto e cruel, Nicholas George Winton foi agraciado com muitos prêmios e reconhecimentos:

Ordem do Império Britânico, Título de Cavaleiro, Cruz de Mérito do Ministro da Defensa da República Checa, Herói Britânico do Holocausto, Ordem do Leão Branco, entre outras.

Ainda está vivo, em Londres, e comemora hoje 106 anos.

Parabéns a este Senhor!!

 Em 2014, numa cerimônia em Praga, recebendo das mãos do Presidente checo Milos Zeman a Ordem do Leão Branco.
Em 2014, numa cerimônia em Praga, recebendo das mãos do Presidente checo Milos Zeman a Ordem do Leão Branco.
Sir Nicholas George Winton.
Sir Nicholas George Winton.